A admirável preservação da bíblia
A palabra “bíblia” é de origem grega e significa biblioteca ou conjunto de livros. A Bíblia é dividida em Velho Testamento (V.T.) e Novo Testamento (N.T.). O V.T. foi, originalmente, escrito pelos profetas, sacerdotes poetas, todos muito cultos, a exemplo de Moisés, conhecedor de todas as ciências egípcias e militares, preparado para ser o futuro faraó, escreveram em hebraico antigo, influenciados pela língua egípcia e cananéia.
O N.T. foi escrito pelos discípulos de Jesus, em aramaico e grego, influenciados pelo latim do vulgo. Alguns dos escritores do N.T. eram homens simples, pescadores, como Pedro, João e Tiago, mas não ignorantes ou semi-analfabetos, enquanto outros, como Lucas, médico e Paulo, judeu fariseu, poliglota, de elevadíssima cultura.
Escreveram em épocas diferentes, em meio a culturas distintas e sem discrepância. Enquanto os escritos filosóficos e de outros cientistas, não possuem tais polivalência científica, harmonia e veracidade por um milênio se quer. As Escrituras Sagradas já atravessaram mais de 3.000 anos com as mesmas declarações científicas e teológicas, harmoniosa e verdadeiramente. Isto só é possível porque alguém superior orientou seus fiéis escritores.
Como S. Pedro diz: “E temos ainda mais firme a palavra dos profetas… nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação, pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” (2 Pedro 1:19-21)
A Bíblia foi escrita desde 1500 a. C. por Moisés, que escreveu os cinco primeiros livros, até o ano 99 d.C, quando João escreveu o Apocalipse. Toda ela foi escrita num lapso de tempo de 1600 anos e já ultrapassou três milênios de existência.
A Palavra de Deus sofreu terríveis perseguições nesse período. Desde a tradução de Teodósio (150 d.C.) que ao traduzir, acresceu 7 livros e 2 capítulos ao cânon bíblico. O concílio de Roma (282) e de Cartago (397) referendaram a Bíblia de Teodósio.
Em 398 o Padre Eusébio Jerônimo Sofrônio apresentou a tradução “Vulgata Latina” conforme os originais hebraico (V.T.) e grego (N.T.). Jerônimo esclareceu que à sua tradução do original hebraico e do grego, foram adicionadas partes da tradução de Teodósio. (Bíblia Sagrada. Versão francesa dos Beneditinos de Maredsous. Editora Ave Maria, SP, anotações, no final do cap. 12 de Daniel)
Entre os séculos 13 a 16, muitos judeus, na península Ibérica, se destacaram na cultura, nas ciências, na riqueza, na política e nos cargos públicos, junto aos reis e senhores.
Entre eles: Abraão Abravanel, Isaac Abravanel, Moisés Ben Maimônides, Moisés Ben Nachman e muitos outros. Os sefarditas, como eram conhecidos os judeus, habitantes de Portugal e Espanha, financiaram as grandes viagens de Vasco da Gama, Cristovão Colombo, Pedro A. Cabral. No Brasil, foram grandes proprietários de engenhos, de minas de ouro que emprestavam dinheiro aos padres jesuítas.
Eles se destacaram na sociedade pelos seus conhecimentos, com destaque para Maimônides, um rabino, filósofo, médico, historiador e escritor. Eles foram banqueiros, comerciantes, extremamente cultos … Os judeus publicaram Bíblias em hebraico, com iluminuras. As capas, as primeiras páginas e as primeiras letras eram adornadas artisticamente com ouro, prata e motivos judaicos, em cores cintilantes. Algumas, ainda existem como a Bíblia de Cervera, a Bíblia de Kennicott, a Bíblia de Lisboa … (A Preservação das Escrituras Sagradas)
O Concílio de Trento (1545 a 1563) sob liderança jesuítica proibiu a edição, a venda, a posse e a leitura de outras versões bíblicas. A única permitida era a Vulgata Latina, com a adição dos sete livros e os dois capítulos de Daniel, extraídos da tradução de Teodósio. Era uma raridade exclusiva das bibliotecas institucionais católicas de leitura consentida apenas ao alto clero.
Então, montes de Bíblias e seus leitores crepitavam nas fogueiras inquisitoriais da Europa. No Brasil não foi diferente, em Astorga, no Paraná, em 1954 o Padre Cícero Romão Batista mandou seus párocos juntarem Bíblias no pátio da Igreja e as queimou. Por precaução, no Brasil não era permitido ter editoras, e a importação de livros só era permitida passando pelo escrutínio de inábeis leitores nos portos. É bom lembrar que livros de vários escritores como Camões foram proibidos (ver Do imaginário à Santa Inquisição, p.132) Continuaremos na próxima edição)