A casa dos meus avós
Meu avô Dito e minha avó Maria.
Eles residiam em São Paulo, num bairro de nome Artur Alvim.
Meu avô mesmo construiu a casa, mas um dia caiu do andaime e quebrou uma das pernas.
Ficou com deficiência, mas trabalhava assim mesmo.
Eu gostava muito de passear lá. Eu era pequeno, mas lembro bem de ver e ouvir meu avô tocando viola à noite.
Meu avô é pai da minha mãe, sempre com seu chapeuzinho na cabeça.
Tinha meus dois tios que também tocavam e cantavam.
Era bem alegre a casa dos meus avós!
Minha avó, mãe da minha mãe, quando eu ia lá, muitas vezes pedia para que eu fosse à venda ali pertinho comprar uma bengala (pão) e um maço de cigarros da marca Kent.
Eu passava por um portãozinho de madeira e ia.
A bengala era bem grande, comparada com a que fazem hoje.
Na casa vizinha, dona Margarida tinha um papagaio que falava muito — era muito divertido!
Falava o dia inteiro e vivia solto. Também me lembro que ela tinha uma tartaruga gigante que, quando eu era criança, eu sentava em cima dela e andava pelo terreiro.
Muita coragem até.
Havia ainda um aviãozinho de madeira na ponta de uma vara, no alto, que com o vento girava.
À noite, eu ficava ali esperando meus tios começarem a cantar. Eu não perdia por nada!
Não queria mais vir embora para o interior.
Muito triste.
Mas vejo o quanto foi bom. Hoje, tenho a minha viola para cantar e tocar.
Com muita saudade do meu avô, da minha avó e dos meus tios.
Lembro da minha avó Maria: quando eu chegava com a bengala, a mesa com café já estava arrumada.
Muita saudade!
Guardo até hoje a fotografia da minha avó me carregando no colo.
O chapéu que era do meu avô, muito bonito, trouxeram para mim — guardo até hoje.
Todos já se foram, mas ficou a lembrança, e o gosto pela viola e a saudade da casa dos meus avós.