Marcel Capretz

A evolução do treinador

Marcel Capretz

De grandes crises surgem vitórias espetaculares. Sucessos incríveis são precedidos de fracassos retumbantes. Risadas divertidamente barulhentas advém de choros copiosos.

Tudo isso soa muito bonito e para mim faz realmente total sentido. Tanto que esse era o meu sentimento após a Copa do Mundo de 2014. Mas quase seis anos depois da maior surra da história do futebol brasileiro ao invés das milhas que pensei que avançaríamos devo amargamente me contentar com alguns poucos passos dados em direção a uma evolução.

Para mim toda melhoria dentro de campo passa pela evolução dos treinadores. Posso destacar também que a gestão esportiva é necessária para tudo fluir, mas quero aqui enfatizar que nossos técnicos poderiam ter liderado um movimentação de transformação do jogo praticado no Brasil e não o fizeram.

Ou se fizeram – porque vejo sim algumas poucas boas exceções – foram engolidos pela maioria acomodada.
Como traço disso, vejo que ainda valorizamos muito pouco o treino. Não consigo imaginar um jogo de alta performance sem um treino de alta performance.

E treinar em campo reduzido apenas como rótulo de um suposto treino moderno não cola. O processo pedagógico de evolução gradual dos conteúdos de treino ainda não é de total domínio da maioria dos nossos treinadores. Sabe como é fácil concluir isso? Vendo equipes sem evolução mesmo com períodos sem jogos.

Temos que diferenciar os treinadores por bons ou ruins. Não pela idade. E nem pela nacionalidade. Nem só de Jorge Jesus e Sampaoli vive a imigração nos bancos de reservas brasileiros. Quantos estrangeiros fracassaram aqui de forma retumbante?! E outro erro que a análise não pode cometer: só porque o treinador é jovem ele é estudioso. O futebol brasileiro está cheio de técnico jovem na idade, mas com a mentalidade de cinquenta anos atrás.

Não quero aqui atacar uma classe profissional. Entendo as dificuldades e os desafios constantes que um treinador enfrenta diariamente. E vejo também excelentes treinadores por aqui que mais hora menos hora vão avançar de nível e triunfar tendo o conhecimento sistêmico e inovador como mola propulsora. O meu objetivo aqui é apenas constatar uma decepção. Há seis anos, após aquele 7 a 1 para a Alemanha, pensei que hoje estaríamos em um estagio diferente. Mas não: sigo insatisfeito com a qualidade do jogo apresentada por aqui.

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

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