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“Água é um assunto que deveria ser visto como prioridade”, alerta vereador Felipe Marchioretto

Entrevistado da semana, Felipe Marchioretto, fala sobre suas experiências na política rafardense (Foto: Túlio Darros)

Nesta edição, o jornal O Semanário entrevista mais um ‘novato’ na política rafardense, Felipe Diez Marchioretto. Para os amigos, Lipão, 35 anos, bacharel em Direito e militante do Partido Social Liberal (PSL). Sempre centrado e preparado com discursos didáticos, é um dos ‘meninos’ de confiança dos colegas vereadores.

Funcionário público na área da saúde, Marchioretto é mais um dos opositores ao atual governo municipal e disse também ter sofrido pressões e consequências por sua postura como vereador. Para ele, são muitas falhas e muita autopromoção.

Preocupado com o futuro hídrico da cidade, Felipe fala sobre o seu trabalho, faz avaliações e ideias para Rafard. Confira nesta entrevista exclusiva:

O Semanário – De 2017 para cá, entre tudo o que fez como vereador, o que considera como principal?

Felipe – Dentre as minhas ações como vereador, penso que a fiscalização dos contratos e acordos firmados pelo executivo tenham sido o ponto principal de minha atuação. No caso, tenho em mente que muitos dos problemas e falhas de uma gestão acontece nas entrelinhas, nas minúcias de um contrato mal formulado ou até mesmo tendenciosamente prejudicial ao município. Contratos, pela própria formalidade exigida, são documentos extensos e complexos, e assim, acabam não despertando o interesse da grande população na sua análise, no entanto, é aí que o problema pode se instalar, caso não tenhamos uma gestão séria e eficiente. Ainda, tenho cobrado do executivo diversas ações de melhoria na saúde principalmente, já que em época de campanha, notei que mais de 90% das queixas da população eram referente à este departamento.

O Semanário – Tem conseguido pôr em prática as propostas apresentadas à população nas eleições de 2016, quando ainda pleiteava um cargo no Legislativo?

Felipe – De certa forma sim, já que minha campanha foi pautada em ações realistas, diante daquilo que achava ser viável, sendo que minha “promessa”, propriamente dita, sempre foi o meu empenho em atender os anseios da população, que era o que eu realmente tinha de concreto. Fora disso, sabia que qualquer ação prometida durante campanha fugiria do meu controle, pois dependeria da boa vontade de outras pessoas e/ou órgãos.

O Semanário – De modo geral, que análise você faz sobre a atuação do Legislativo nesses 18 meses de gestão?

Felipe – O legislativo têm me surpreendido positivamente nesse período de gestão. Iniciamos o mandato com uma câmara praticamente dividida, com interesses divergentes e hoje, temos um consenso muito salutar para o andamento dos trabalhos legislativos. As matérias propostas são analisadas rigorosamente por todos e discutidas, extraindo-se dessa ação o que julgamos ser o melhor para a população.

O Semanário – Até agora, como avalia o trabalho do atual governo municipal?

Felipe – Avalio como um governo que tem muitas falhas, que visa mais a mídia e a autopromoção do que o bem-estar à população rafardense. Um pequeno exemplo disso é a quantidade de indicações feitas pelo Legislativo ao Executivo nesse período de mandato, e o quanto dessas foram executadas, sendo muitas delas, com custo operacional mínimo, mas com alto retorno em benefício social e assistencialismo.

O Semanário – O senhor se considera situação ou oposição ao atual governo? Por que?

Felipe – Me considero oposição. Primeiro porque fui eleito e faço parte de um partido opositor ao atual governo. Segundo, porque não concordo com muitas ações e propostas vindas do executivo. Contudo, esse posicionamento comporta exceções, sempre que aquilo que nos for proposto vá em direção aos interesses da população em geral, pois este deve prevalecer em todos os casos, ou seja, se recebermos boas propostas do executivo em prol da coletividade e dentro da legalidade, certamente terão o meu aceite.

O Semanário – Alguns vereadores falaram em perseguição política do atual governo, o senhor sofreu algo nesse sentido? O que?

Felipe – Sim, assim como outros vereadores padeci deste mal, ainda mais pelo fato de ser também funcionário público desta prefeitura. Principalmente no início do mandato as pressões eram maiores e sempre foi feita uma grande confusão de limites em cima das minhas atribuições funcionais por parte do executivo. Eu era indagado no posto de saúde, onde estou lotado como funcionário público, por algo que havia feito ou dito, enquanto vereador. Volta e meia situações do tipo acontecem, pois não acho que cessaram por completo. Embora chegue até mim, a todo momento, informações sobre o que “pretendem fazer comigo”, me mantenho tranquilo e sereno, até que algo de concreto aconteça, para aí sim, tomar as atitudes que entender serem as mais adequadas e cabíveis em cada caso.

O Semanário – Na sua visão, qual a maior dificuldade no relacionamento com o prefeito Uil Maia?

Felipe – Falta transparência nos diálogos entre Legislativo e Executivo, como se todos os assuntos tivessem uma intenção obscura por trás de uma conversa aparentemente amistosa. Das vezes que fomos procurados na Câmara pelo executivo, para votação de algum projeto importante para a administração, notamos uma postura complacente, compreensiva, humilde, com intuito de agregação por parte deste órgão, contudo, após atingir seu objetivo, as ações e postura retornam ao estágio anterior, nos remetendo à sensação de arbitrariedade e desinteresse por qualquer contato e parceria.

O Semanário – Qual a maior dificuldade em conseguir recursos para o município?

Felipe – Conseguir recursos, de fato, não é matéria fácil, sendo que aproveito o espaço para parabenizar a todos os colegas vereadores que já conseguiram algo para o nosso município. Bem, a minha impressão é a de que municípios pequenos despertam pouco interesse aos olhos das esferas superiores de governo, já que a contrapartida para a concessão dos recursos é, principalmente, o voto. Quanto menor o número de eleitores de um município, logicamente, menor a quantidade de votos a se alcançar pelo político. Felizmente percebemos algumas exceções nesse cenário, que ajudam, e muito, nossa população. Não obstante, tão importante quanto a conquista de recursos é a sapiência na utilização e aplicação do mesmo, já que sem esse elemento, qualquer recurso se torna inútil.

O Semanário – O senhor é a favor ou contra a reabertura da Unidade Básica de Saúde 24h em Rafard?

Felipe – Particularmente, acho que a abertura do Posto 24hs não traria grandes benefícios à população rafardense, pois continuaríamos dependentes da Santa Casa de Capivari, haja visto que a Unidade Básica de Saúde de Rafard atende somente em caráter ambulatorial, ou seja, casos de menor complexidade onde, em tese, não há risco de morte ao paciente. Ao primeiro sinal de aumento do risco e processos mais complexos sejam exigidos, a indicação é de estabilização e encaminhamento à Unidade referenciada, no caso, a Santa Casa. Porém, não podemos esquecer que essa foi uma promessa de campanha do atual governo, e certamente, muitos dos votos alcançados se deu por conta de tal promessa. Logo, em respeito a esses eleitores, que deram seus votos condicionados à reabertura da UBS, penso que deva ser estudada a possibilidade, bem como a viabilidade financeira e apresentado à população.

O Semanário – Na sua opinião, já que Rafard não conta com especialidades, não seria mais viável financeiramente fazer o repasse para a Santa Casa, que é o hospital referência para os casos mais graves?

Felipe – Sim, com certeza, esse é o meu pensamento. O assunto tem tido grande espaço nas minhas falas em tribuna e de outros colegas vereadores que compartilham do mesmo entendimento. A gestão precisa se atentar de que não é autossuficiente, ainda mais em se tratando de saúde, e o bom relacionamento intermunicipal e a parceria é a chave para um futuro mais próspero. Caminhar sozinho, em tempos de crise e escassez financeira, ao meu ver, não é uma grande escolha.

O Semanário – Quais os seus principais projetos apresentados como vereador?

Felipe – Diante das limitações que temos como vereadores, ficamos restritos à proposituras de projetos que não gerem ônus e impactos financeiros ao município. Ainda assim, criei um projeto chamado Banco de Ração. Porém, para que tal projeto tenha aplicabilidade seria necessário que o município disponibilizasse um local para a guarda e conservação do que fosse arrecadado, até sua doação, o que ainda não foi feito. Fiz também um projeto de Lei acrescentando o art. 38-A na Lei Ordinária 1.721, de 06 de novembro de 2014, que visa dar maior transparência aos funcionários públicos municipais que tem o desconto da assistência médica e hospitalar em folha de pagamento, podendo estes, exigir em documento anexo ao holerite, a discriminação dos serviços por ele utilizados e valores correspondentes. Encontra-se em andamento uma proposta de Lei para que seja concedido ao funcionário público municipal que ficou por algum período afastado de seu cargo, sem vencimentos e sem ter recolhido ao IPREM do município, a possibilidade de fazer sua contribuição previdenciária de forma retroativa, em valores atualizados, resgatando, assim, o tempo perdido e acelerando sua aposentadoria, caso já tenha cumprido os demais requisitos exigidos pelo IPREM. Vale lembrar que todos os projetos, ainda que não tragam custos à prefeitura passam pelo crivo do prefeito, que pode ou não os vetar.

O Semanário – Quais as suas expectativas quanto ao futuro de Rafard quando se fala em:

Água – Vejo a questão da água com grande preocupação. Não se tem estudos, ao menos não foi enviado à Câmara qual a capacidade dos nossos poços, e o quanto os novos empreendimentos podem afetar ainda mais essa questão que já está delicada. Falta investimento em novas tubulações, e isso tudo, falando somente do centro da cidade. Se analisarmos outros locais como Itapeva, a situação ganha maior proporção. Enfim, é um assunto que deveria ser visto como prioridade.

Emprego e renda – Infelizmente não consigo enxergar luz no final desse túnel. Falta investimento em melhorias no distrito industrial, que seria o polo de distribuição de empregos do município. Os grandes empresários se desinteressam rapidamente da instalação de suas indústrias em Rafard pela falta de incentivo, sendo que muitas vezes falta simplesmente o básico, como energia elétrica suficiente para suprir as necessidades das empresas, água, a coleta do lixo, dentre outros fatores.

Usina – A usina é, certamente, a maior pagadora de tributos e geradora de empregos do município e notadamente tem sua importância no progresso de nossa cidade. No entanto, todos somos adstritos às normas e isso não é diferente para a pequena ou a grande empresa. Ao tempo em que a usina oferece sua contribuição ao município, oferta também impactos em níveis que nós, cidadãos comuns, somos incapazes de quantificar, como a destruição de patrimônio histórico e cultural de Rafard, barulho, sujeira, doenças respiratórias, etc. Enfim, vejo com ressalvas a atuação da usina em nosso município.

Comércio – Nesse aspecto, vejo o comércio municipal com certo otimismo e tendência de melhora.

Indústria – Não há segredo nesse sentido. Se o município não incentiva a vinda de novas industrias, os empresários irão procurar municípios que incentivem, já que no médio e longo prazo essa questão fará muita diferença para suas finanças.

Cultura e Turismo – Vejo com bons olhos a questão da cultura e turismo municipal. Acho interessante a parceria da Diretoria de Cultura e Turismo com a Abaçaí, que têm tentado resgatar o potencial cultural rafardense por meio de ações comunitárias, além de alavancar o potencial turístico da linda Fazenda São Bernardo. Acho que estamos no caminho.

Esporte – Carece de maiores investimentos. Tivemos há poucos dias os Jogos do Coração e é deprimente ver o estado dos banheiros de nossos ginásios e equipamentos esportivos.

Saúde – A saúde talvez seja o setor mais crítico da administração pública, e isso em escala nacional, pois é um problema generalizado. Com a diminuição de repasses e uma tabela SUS defasada, cada vez mais se faz necessário buscar uma gestão eficiente e melhor aplicação de recursos.

Lazer – Assim como na questão cultural, a parceria Diretoria de Cultura e Abaçaí tem dado bons frutos nesse aspecto.

O Semanário – Considerações finais.

Felipe – Desde já, agradeço ao jornal “O Semanário” pela oportunidade de interagir com a população rafardense além dos canais tradicionais. De forma especial, convido a quem puder, que acompanhe as sessões camarárias, seja por rádio, internet, por meio de imprensa escrita, ou na medida do possível, presencialmente. É de suma importância que nos mantenhamos informados dos assuntos de nosso município para que possamos crescer enquanto cidadãos que prezam pelos seus direitos. Contem comigo quando precisarem. Obrigado!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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