Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Ainda é tempo…

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Fernando Pessoa

Ano Novo é uma fantasia que vestimos todo final de ano para começarmos cheios de vida e esperança mais 12 capítulos de nossa existência nesta dimensão, com 365 páginas em branco para registrarmos o que nossa vontade, interesse e desejos manifestarem. Somos imortais e livres. Duas bênçãos do Pai criador para todas suas criaturas.

Ano Novo – enche-se a alma e o coração de projetos e disciplinas, carregadas como as videiras de uvas belas e coloridas, verdes e roxas, tentando trocar o passado pelo novo presente de realizações nobres.

Novo Ano e o espírito se alegra com abençoadas oportunidades que a Divina Providência faz florescer no íntimo de cada ser. Diante do tempo renovado em empréstimo, como tesouro infinito que o Pai concede a cada um de seus filhos, o pensamento positivo é luz como oração silenciosa que pode mudar o rumo do nosso destino.

Aqui e agora temos tantas coisas para desfrutar, e nosso passo pela existência terrena é tão curto, que devemos aproveitar para curtir os lírios dos campos, as rosas do jardim e os amores da vida, como a família.

Temos que desenvolver a paciência e algumas prioridades devem estar nesta lista, a começar pelos pais, avós, irmãos, cônjuge e filhos.

Desfrutar de uma convivência saudável e amorosa, com humildade e desprendimento, respeitando o tempo do outro, aproveitando as estações de cada um como as do ano, com os ventos e frios dos invernos, e também com as flores, perfumes e coloridos da primavera.

Em cada existência crescemos um pouco mais e procuramos sentir que os tempos são chegados, da busca da felicidade (plena no futuro), aprendendo que temos estações (no corpo) de dependência (infância e velhice) e de liberdade (juventude e maturidade), e que sofrer é um aprendizado, não é uma perda de tempo, e que aquilo que colocamos no nosso livro, corre somente por nossa conta.

Portanto, não esqueçamos que as concessões do tesouro do novo tempo é um crédito, e todo título recebido tem que ser resgatado, porque se traduz em responsabilidades. “Tanto prejudica a obra de Deus o avarento que restringe a circulação dos valores, como o perdulário que os dissipa, olvidando obrigações sagradas”. (1)

Deus nos oferta o tempo e com ele a dor e o amor. Para uns o tempo é muito longo, porque espera, mas para outros, que amam, o tempo não existe, chama-se hoje. O tesouro do tempo é muito precioso e não podemos comprar com dinheiro nenhum, por isso um dia nos será pedido, ao término da existência: que fizeste do tempo?

Guardemos a paz de consciência, compreendendo que não devemos esperar um sorriso para sorrir, ajudando sem esperar ser ajudado para amar, e não esperando o sábio concurso do tempo para servir, “na certeza de que o que não for bom para os outros não será bom para nós”.

(1) Pontos e Contos – Ano Novo, Humberto de Campos, Chico Xavier, FEB

ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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Jornal O Semanário

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