Arnaldo Divo Rodrigues de CamargoColunistas

Allan Kardec e o alcoolismo

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

Allan Kardec afirma em O Evangelho segundo o Espiritismo que: “O homem, ao nascer, traz o que tiver adquirido; nasce como se fez. Cada existência é, para ele, um novo ponto de partida. Pouco importa saber o que foi: se é punido, é porque fez o mal. Suas más tendências atuais são o indício do que nele resta a ser corrigido. E é nisso que deve concentrar toda sua atenção, pois, do que se corrigiu completamente, não restará traço algum. As boas resoluções tomadas são a voz da consciência, que o adverte do bem e do mal, dando-lhe força de resistir às más tentações”.

Allan Kardec é o escritor e pedagogo francês, poliglota, Hippolyte Léon Denizard Rivail, que usa esse pseudônimo para diferenciar sua literatura educacional (utilizada nas escolas da França) de suas publicações espíritas, como a obra O Livro dos Espíritos, a primeira das obras básicas que lançou, e que diz não ser dele, mas dos espíritos superiores a que ditaram, lançada em 18 de abril de 1857.

Nessa obra, Allan Kardec, como codificador, faz a pergunta (1) aos espíritos:

“A distorção das faculdades intelectuais pela embriaguez é desculpa para os atos repreensíveis?” (Questão 848)

E vem a resposta:

“Não, pois o ébrio privou-se voluntariamente de sua razão para satisfazer paixões brutais: em vez de cometer um erro, comete dois.”

A questão apresentada era sobre o alcoolismo, porque naquela época era a droga mais disponível e que mais se consumia, mas por ilação podemos incluir todas as modernas drogas nessa mesma consequência.

Em visita ao Brasil, Nora Volkow, uma pesquisadora sobre drogas reconhecida no mundo todo, afirma, quando o assunto são os danos neurobiológicos que elas causam: “Não existe droga segura. Todas vão causar danos”.

Hoje sabemos que toda dependência, desde a química até os comportamentos abusivos, da compulsão do uso da eletrônica à corrupção, são todos os tiranos da mente. E o filósofo espírita francês Léon Denis afirma que, para nossa saúde, devemos: “Dar ao corpo o que lhe é necessário, a fim de torná-lo servidor útil e não tirano. Tal é a regra do homem criterioso”.

Todo abuso tem um custo, e tornamo-nos escravos e doentes dele.

(1) “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, Editora EME, tradução de Matheus Rodrigues de Camargo

ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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Jornal O Semanário

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