Opinião

Artigo – Seja empresário e não dono do negócio

Bruno Caetano é superintendente do Sebrae-SP e mestre e doutorando em Ciência Política pela Universidade de São Paulo

Você é dono do seu negócio ou é empresário? A pergunta pode parecer estranha à primeira vista, mas traz um conceito relativo à postura de quem se enquadra em uma ou outra nomenclatura e, acredite, faz diferença no dia a dia.

Podemos definir o dono do negócio como alguém conservador, com práticas antigas de gestão, muitas vezes prejudiciais ao desenvolvimento da empresa. Por ser centralizador – tudo tem de passar por seu crivo – ele se envolve demais na parte operacional e deixa a estratégia em segundo plano. Ele faz tudo, só ele decide, ele interfere em cada detalhe e acaba sem condições de analisar a companhia de uma forma mais abrangente. Frequentemente, esse comportamento está ligado à falta de estrutura da empresa. Não há gente suficiente para distribuir funções e, por necessidade, o dono do negócio simplesmente abraça tudo.

Seja por carência de recursos (financeiros, humanos ou os dois) ou por opção, essa maneira de administrar não é aconselhável.
Já o empresário sabe delegar poderes. Ele deixa a parte operacional com os outros e se dedica a pensar a empresa como um todo. Ele usa seu tempo para planejar estratégias que tragam mais resultados.

O dono do negócio busca clientes para seus produtos ou serviços, enquanto o empresário procura por produtos ou serviços novos para seus clientes e está sempre atrás de atualizações.

Não raro, o dono do negócio dirige uma empresa familiar, cujas contas se confundem com as pessoais, erro básico, mas comum. Sai do caixa da empresa o dinheiro para pagar fornecedores e para a mensalidade da escola dos filhos. Uma verdadeira miscelânea contábil.

Outro agravante: ele não tem critério para contratar e recruta parentes, amigos ou pessoas indicadas que, muitas vezes, não reúnem condições técnicas de assumir o posto a elas designado. Se ele seguisse o velho conselho de não admitir hoje ninguém que não pode demitir amanhã, certamente teria menos problemas. Imagine o transtorno de ver um filho, primo, irmão ou tio não dar conta do recado e não ter como dispensá-lo sem criar um incidente diplomático em casa. O resultado dessas soluções “domésticas” é a manutenção de uma equipe deficiente que não rende o que deveria, com perdas de oportunidades, produtividade e lucro.

Mas como o dono do negócio vira a mesa e se torna empresário? Com planejamento. Ele deve elaborar um plano com metas e prazos para atingi-las, ações de marketing, aprimoramento de processos, estudo das possibilidades financeiras e rearranjo dos funcionários. Ele parte da estrutura atual para, gradativamente, melhorar seu empreendimento. A própria meta pode ser levantar recursos para aumentar o quadro de pessoal, possibilitando assim delegar funções e aliviar sua rotina de tarefas operacionais. A cada objetivo alcançado, ele dá um passo em direção a melhorias na gestão, sem repetir velhas fórmulas desgastadas que não acrescentam nada aos seus ganhos.

Mas, principalmente, esse empreendedor deve mudar sua atitude ao conduzir os negócios, ampliando a visão que tem sobre gestão. É aí que tudo começa.

Bruno Caetano é superintendente do Sebrae-SP e mestre e doutorando em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. O Sebrae-SP é uma instituição dedicada a ajudar micro e pequenas empresas a se desenvolverem e se tornarem fortes. Saiba mais em www.sebraesp.com.br.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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