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Baile macabro

J. R. Guedes de Oliveira, ensaísta, biógrafo e historiador (Foto: Divulgação)

O Clube 13 de Maio, ficava na praça de mesmo nome (Praça 13 de Maio), em Capivari, SP. Dali se iniciava o Bairro da Raia. Seu proprietário, Pedro Motta (Pedrinho Motta), cuidava de tudo e zelava pelas permanentes festividades em suas dependências, não só por ocasião dos carnavais.

Um clube bem organizado por ele e bem encravado no centro da cidade. Fazia páreo tanto para o Capivari Clube como para a Sociedade de Cultura Artística.

Como estudantes, precisávamos de recursos financeiros para a nossa formatura: eu, como Presidente do Grêmio Estudantil 10 de Julho e Carlos Alberto Bastos de Mattos (saudoso Juiz de Direito e Professor em Franca), como Presidente do Grêmio Estudantil Amadeu Amaral. Isso lá pela década de 60.

Os bailinhos em casas de amigos não lucravam muito, dando enorme trabalho para a preparação, música, limpeza, etc.

Como organizar um baile, aproveitando uma data de fim de semana que o bondoso Pedrinho Motta havia deixado para a nossa disposição. Teríamos que fazer algo diferente na cidade.

Foi ideia de Carlos Alberto (Beto, como o chamávamos), realizar um baile “sui generis” em Capivari: o Baile Macabro. Beto era assim: um cara com ideais novas e muita disposição para fazer as coisas. Além do seu “tino” de rapaz com as suas inovações. Éramos vizinhos, na Rua General Osório e constantemente estávamos conversando a respeito.

E assim foi feito. Tudo escuro. Um breu! Conseguimos com a Funerária Panserini, alguns caixões mortuários e os distribuímos pelas dependências do clube. Algo horrível e a estudantada de Capivari baixou em peso para prestigiar o baile¸ que lucrou muito para a nossa formatura, tanto do Ginásio Padre Fabiano como para a Escola Técnica de Comércio.

Além de todo aparato escuro e macabro, fizemos rodar músicas fúnebres e, depois, a música popular na época: Rock and Roll. Foi um sucesso, principalmente de bilheteria.

Depois, formandos, o Beto foi para São Paulo. Fez Direito, compartilhou, na capital casa com o Dr. Antônio Carlos Pinheiro e, ambos, se tornaram Juiz de Direito: Dr. Carlos Alberto, em Franca e o Dr. Pinheiro, em Indaiatuba onde, também, por duas legislaturas, foi Vice-Prefeito.

Este fato narrado é justamente para lembrar do amigo de mocidade, que tão cedo nos deixou: nasceu no Rio de Janeiro, em 31.12.1946 e faleceu em São Paulo, em 04.08.2004, aos 57 anos de idade. Foi Delegado de Polícia e Promotor Público, em Barretos e Pacaembu; Juiz de Direito em Patrocínio Paulista; Juiz de Direito e Professor Universitário, em Franca. Pertenceu a Academia Francana de Letras. Filho do Prof. Dr. Carlos Lopes de Matos e de D. Virgínia Bastos de Matos, era casado com Isa Maria Silveira Matos, tendo os filhos: Gabriel, Rafael, Miguel e Maria Clara. Sua infância e mocidade foi em Capivari, SP, na Rua General Osório – Centro.

Ao lado de seus mais sete irmãos (Maria Luiza, Daniel, Maria Virgínia, Antônio, João Augusto, Maria Augusta e Otávio), teve significativa atuação estudantil, o que lhe granjeou a simpatia e respeito de seus colegas de então. Foi, na essência da palavra, um amigo de todos: brincalhão, responsável, estudioso (CDF, na expressão popular) e, o que muitos ignoram, uma pessoa dotada de humor incomum. Isto tudo, contando, ainda, com a sua sólida cultura humanista, que o caracterizou principalmente no seu mister trabalho.

Outras tiradas hilariantes do Beto (Dr. Carlos Alberto), contarei numa outra oportunidade!

 

ARTIGO escrito por J. R. Guedes de Oliveira, ensaísta, biógrafo e historiador
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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