Capivari

Capivari e sua verdadeira história VIII

23/06/2017

Capivari e sua verdadeira história VIII

Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)
Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Ainda as divisas municipais

Da barafunda existente nas divisas municipais de Capivari resultou ficar Monte Mor. Pertencendo a Itu quando o lógico seria ligar-se aquele distrito a Capivari, do qual estava muito mais próximo. É que as divisas traçadas entre Itu e Porto Feliz, nos tempos coloniais, estabeleciam que a estrada Itu-Piracicaba fazia rumo entre aqueles dois municípios, pertencendo a Porto Feliz tudo que ficasse à esquerda da estrada, e a Itu as terras à direita.

Dizia o despacho divisório: “à linha limítrofe segue pelo ribeirão Caiacatinga até sua barra, daí por uma linha reta até a forquilha que se acha na estrada e correndo por ela abaixo até fazer barra no Capivari, desta barra até o salto de Piracicaba e descendo por ele abaixo de uma e outra barra do mesmo rio seguindo o Tietê até o Rio Grande”.

Capivari, formada à margem direita do rio desse nome estava desde o início em território ituano, tendo passado a pertencer a Porto Feliz, como vimos, após a elevação a Freguesia e isso mesmo a requerimento de seus moradores.

Em 1834 a Câmara capivariana nomeou uma Comissão que teria a seu cargo acertar as divisas com a Freguesia de Água Choca (Água Choca, posteriormente Monte Mor, foi elevada a Freguesia com denominação de Capivari de Cima, em 1832. Elevou-se a Vila em 1871. Pertence à Comarca de Capivari desde 1878), entendendo-se, para tanto, nomeada pela Câmara ituana. A 14 de fevereiro foram nomeados representantes de Capivari nesses trabalhos os Vereadores Antonio Pires de Almeida Moura e João Dias de Aguiar, os quais, desincumbindo-se do encargo, convencionaram o traçado que até hoje, com algumas modificações de pouca monta, ainda prevalece.

Invocando este argumento, da maior proximidade com Capivari que com Itu, alguns moradores pretenderam, logo após a criação da Vila de Capivari, passar a Freguesia de Monte Mor para a jurisdição capivariana, porém a Câmara de Itu se opôs vivamente a esta iniciativa, fazendo-a fracassar. No acerto das divisas feitas em 1834, constatou-se quanto Capivari era mais chegada a Monte Mor e inteira procedência da medida recusada pela entidade ituana.

Martim de Mello Taques

A 11 de Setembro de 1834 a Vila foi abalada por um acontecimento que provocou geral consternação – a morte de seu estimado Presidente, Sargento- Mor. Martim de Mello Taques.

Camarista, fazendeiro, vulto de destaques nos meios sociais, econômicos e políticos da Província, Martim Taques descendia de conceituada família paulista, com linhagem de fidalguia, pois seu pai era o famoso Capitão-mor de Itu, Vicente da Costa Taques Gois e Aranha.

O Capitão Vicente Taques era absolutista ferrenho, espírito despótico, cioso de sua autoridade, que exercia com mão de ferro na Vila de Itu, tal e qual o terrível Major Vidigal, retratado por Manoel Antonio de Almeida no livro célebre “Memórias de Um Sargento de Milícias.” Tinha o Capitão-mor em tão grande apreço o seu antigo Senhor, o odioso Capitão–General Martim Lobo de Saldanha, de tão triste fama nos anais da Província bandeirante, que deu a este filho, Martim, o mesmo nome daquele execrado régulo português.

Saiu-lhe porem, Martim Taques, tão diferente de ambos, que se poderia traçar o seu perfil moral com as negativas com as anomalias e defeitos do seu homônimo. De gênio afável, sereno e tolerante, sabendo transigir e achar uma saída conciliadora para os embates das opiniões antagônicas, que hábil Presidente foi ele e que largo sulco de simpatia e de saudade deixou a sua memória na pacata vilota de então. Filiado à corrente ituana, representava, todavia, na Câmara, uma espécie de poder moderador, que promovia o entendimento dos grupos desavindos e conciliava os atritos políticos, visando o apaziguamento geral dos espíritos.

A sua morte constituía, assim, um rude golpe para a povoação. Contudo, quem mais sofria com ela, era o Partido Ituano, pois além de acrescentar uma lacuna ponderável às fileiras ainda não refeitas desta grei, desfalcada recentissimamente de Joaquim Garcia e Felisberto Guimarães, abria acesso à Câmara a um novo suplente da oposição, o combativo Salvador Martins Bonilha, genro de Joaquim Piza.

Martim de Mello Taques, solteiro há esse tempo, com 20 anos, e que havia abandonado a casa paterna para tentar fortuna no Sul, de onde nunca mais voltou. O Visconde de Taunay irá encontrá-lo, em 1867, após a Retirada de Laguna, nos serões de Mato Grosso, como figura principal na Vila de Santana do Parnaíba, com uma sortida casa de negócios, o título de Major e uma bagagem de aventuras cinegéticas que deixariam a perder de vista o popular Bentinho Queima Campo, de Cornélio Pires. (Segue)

Cidadania

Aprendemos desde jovem, que a perseverança é um dom que habita o coração de pessoas de boa formação moral, cívica e religiosa, tendo como objetivo a Justiça, somada à Liberdade, Igualdade e Fraternidade em benefício da Humanidade. É o que temos procurado fazer na esperança de que os nossos concidadãos entendam e unam-se a nós no trabalho de colaborar para o progresso deste pequeno pedaço de nossa amada Pátria.

Que assim seja.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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