Arnaldo Divo Rodrigues de CamargoColunistas

Casagrande, o jogador e a coragem

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

“A coragem é a primeira das qualidades humanas, porque garante todas as outras”. Aristóteles

A coragem é uma das forças virtuosas das pessoas que superaram o preconceito e o medo. Por isso se diz que aquele que perde a coragem perde tudo.

Para falar de coragem, destacamos a superação do ex-jogador e atual comentarista de futebol Walter Casagrande Júnior, dando o depoimento de seu uso de drogas desde a adolescência, por 38 anos, e sua recuperação, visto que a doença da dependência química é crônica, não tem cura.

O comentarista esportivo partilhou sua via-crúcis para chegar à lucidez: “Como não morri, o infarto só me trouxe coisas boas”.

No livro, Casagrande e seus demônios, ele conta o sofrimento e as perturbações mentais e espirituais pelos quais passou devido ao uso de drogas: “Eu tinha visões horríveis, tudo parecia muito real. Estava assustado, via demônios pelo apartamento inteiro. Eram maiores do que eu, com dois ou três metros de altura. Alguns apareciam no quarto, outros na sala, e até uma imagem de mulher surgia refletida na geladeira. Aí comecei a ficar com medo de ir à cozinha, já não comia, nem me sentava no sofá, por que eu os via em todos os lugares, todos os dias, constantemente. Não falavam nem ameaçavam, mas a simples presença deles era aterrorizante”.

Casagrande não se intimidou e concedeu diversas entrevistas e depoimentos que estão no Youtube, como Prisão Química, Casagrande e Dr. Dráuzio Varella – Ex-jogador fala sobre dependência química:

www.youtube.com/watch?v=M7Y3etiZKGA

Após quase perder a vida pelo abuso desse mal (drogas), cujo uso inicialmente é prazeroso e voluntário, mas que com o uso prolongado dispara no cérebro um dispositivo mental que faz o indivíduo entrar em estado de dependência química, caracterizado pela busca obsessiva e consumo compulsivo da droga (mesmo contra sua vontade ou sua razão).

Após internações e acompanhamentos terapêuticos, a vida de Casagrande mudou, e hoje as “coisas boas” de que desfruta são uma alimentação saudável e prazerosa, o fato de não beber mais (a sobriedade), de não fumar, de voltar ao trabalho e à convivência social, criando novos laços.

Reconquistou a família e acredita ter uma maior consciência da vida e de seus valores. Não é esta uma abertura para a espiritualidade?

ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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