Nascida em Santos e acolhida em Capivari, Silvia Farias está ganhando espaço no cenário das artes plásticas em todo o Brasil e América Latina. Com a proposta de expor o conceito do Pop Art através de algumas funcionalidades do artesanato, a artista delineia a grande influência que sofre de Romero Britto nas coloridas e expressivas telas quem compõem.
Neste ano, mais precisamente em maio, a convite do Karmann Ghia Clube de Belo Horizonte (MG), Silvia Farias participou do Evento em Comemoração aos 50 Anos Karmann Ghia Brasil, com um grande leilão de seus trabalhos exclusivos KG, no Palace Hotel Poços de Caldas.
Entre outros trabalhos, a parceria com o Clube do Fusca de Poços de Caldas, no dia Mundial do Fusca, que vem utilizando uma de suas artes como identidade visual do evento, comemorado no dia 24 de junho, data essa trazida ao Brasil pelo historiador e pesquisador Alexander Gromow, por quem a artista teve seu trabalho muito elogiado.
Silvia, que teve seu estopim artístico neste ano, após ter sonhado com Nossa Senhora da Aparecida, revela como foi acordar às 4h30 só para pintar a imagem. “Pintei de madrugada, logo após acordar do sonho. Eu não costumo ouvir música enquanto trabalho, prefiro o silêncio, mas naquele dia o rádio estava ligado, e coincidentemente, tocaram umas 15 músicas sobre a Nossa Senhora”, relatou a artista.
Após ter pintado essa imagem, Silvia foi participar de um evento de carros antigos em Minas Gerais, e resolveu levar a imagem. “Eu não costumo pintar e nem vender esse tipo de tela, ainda mais se tratando de um evento só de carros antigos. Eu nem tinha acabado de arrumar o estande pro evento, e logo chegou um pai com um filho de 2 anos no colo, e a criança só falava pro quadro -‘mamãezinha, mãezinha’- e ficava pegando no quadro. Não teve jeito, tive que vender o quadro para a criança que me deixou muito espantada e admirada pela reação que teve com a tela”, completou Silvia.
Essa tela da artista está lhe rendendo uma imensa repercussão, da onde até já participou de um programa de TV, o Sabor da Vida – TV Aparecida – no dia 8 de outubro deste ano.
Recentemente contratada pela empresa Glitter, uma das maiores fabricantes brasileiras de produtos para artesanato, Silvia amplia os horizontes e revela os projetos. “Sabe, já me cansei das coisas habituais do artesanato, tudo já vem pronto nas lojas, é só montar e ninguém mais faz nada, só cola e pronto. Acaba perdendo o valor, por isso coloquei o conceito do Pop Art no artesanato, para valorizar o trabalho e deixar ele único, cada um com sua cara”, revelou a artista.
Além dos quadros, ela também faz a personalização de canecas, caixas de lembranças, e vários outros produtos. Em 2013, a artista revelou que começará a estampar camisetas com seus próprios desenhos.
Hoje, seus trabalhos estão expostos em vários estados do Brasil e até mesmo em países da América Latina, sendo divulgado em alguns sites especializados na área, além do seu blog, onde conta um pouco da criação de cada trabalho. Para saber mais sobre o trabalho de Silvia é só visitar o site – www.artistaarteira.loja2.com.br.
A artista
Silvia Cristina Salco Farias, hoje usando apenas Silvia Farias como nome artístico, é artista plástica e autodidata. Restauradora, habilitada em mais de 25 técnicas de artes manuais e artesanato, tem 30 anos e é natural da cidade de Santos (SP), residindo hoje em Capivari (SP).
Em aproximadamente 15 anos trabalhando no ramo das artes, passando desde artesanato e trabalhos manuais, marcenaria hobby, já ministrou cursos para mais de 300 alunos, e participou de exposições em grupo e individuais. Porém, é na pintura em tela que seu coração bate mais forte e fala mais alto.
Faz da arte sua vida e diante de todas as brilhantes definições de arte, a que mais lhe chama a atenção é a capacidade de transmitir sentimentos através das imagens.
Passando por vários estilos e técnicas aplicadas em tela, foi nas cores fortes, nas linhas marcadas, grafismos e na visão despretensiosa do Pop Art e inspirada nas formas de Romero Britto que encontrou seu eixo, sua mais perfeita forma de expressão, adaptando à sua visão e formas.
E como não podia deixar de ser o amor arte, pelo antigo e retro, e a paixão por fuscas, através de uma brincadeira entre amigos antigomobilistas, que se deu a passagem da técnica do Pop Art para a personalização automobilística, tornando-se uma nova paixão.
Entrevista
Confira com exclusividade a entrevista concedida pela artista Silvia Faria à reportagem d’O Semanário em seu ateliê.
Jornal O Semanário Regional – Quando você começou a pintar e quis ser uma profissional do mundo das artes?
Silvia Cristina Salco Farias – Desde muito pequena eu já aprontava. Com uns 2 anos, eu me lembro que arrastava um monte de folhas e lápis de cor pela casa. Minha mãe tinha um banquinho e eu sentava no chão e me apoiava nele para pintar. Acho que isso veio daí, da infância que despertou meu lado profissional. Eu só sei fazer isso e amo o que faço.
Semanário – E por que você escolheu esse estilo?
Silvia – Por ser despretensioso, disforme, mas por passar uma mensagem muito alegre, daquela coisa da pessoa olhar e abrir um sorriso.
Semanário – Você tem algum quadro preferido?
Silvia – Eu até já pintei um autorretrato que é meu xodó, mas a paixão por carros é muito forte. No quarto do meu irmão, pela minha casa, em todo lugar estão espalhados, não tenho um preferido, mas são dois que eu gosto muito. O primeiro é um fusca estilizado numa tela bem grande que eu enviei pra Poços de Caldas, o segundo é uma Branca de Neve que está no meu quarto.
Semanário – Como foi esse projeto “Mãos que Fazem” escrito por você e que rendeu ao atual Prefeito Municipal de Capivari um prêmio inédito dado pelo Sebrae?
Silvia – O “Mãos que Fazem” foi um projeto que desenvolvi quando trabalhava no CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) e em que os alunos eram capacitados em cursos de arte em reciclagem, pintura em tecido, vidro e madeira, crochê, tricô e outras técnicas, e todos eles eram interligados, fazendo assim com que cada um desenvolvesse um pouco sobre tudo. O Sebrae deu o prêmio de Prefeito Empreendedor ao Luís Donizete Campaci em 2009 por apresentar esse projeto, no qual o polo confeccionista de Capivari congregava 18 empresas, que respondiam por nada menos que 531 postos de trabalho, e o projeto se destacava na atuação do associativismo.
Semanário – Em Capivari, quais são suas maiores dificuldades para apresentar sua Arte?
Silvia – A maior dificuldade é formar público, também é muito difícil encontrar um local para expor. Sabe, é complicado porque algumas pessoas pensam que pagar R$ 800,00 num quadro é absurdo, mas não entendem que isso é um ofício e requer estudo, foco e principalmente, leva tempo para ser produzido, o que acarreta em outras despesas. É só ver Tarsila, falavam mal dela quando começou a pintar, denegriram a imagem por ela ser uma mulher com o pensamento muito avançado, e só depois que foi reconhecida fora da cidade, começaram a dar o valor realmente merecido pra ela. É como diz o ditado, “Santo de casa não faz milagre”.
