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Contratação cara gera título? Claro que não!

Marcel Capretz, colunista esportivo

Na Inglaterra, onde temos hoje a melhor liga de futebol do mundo, há um mantra entre dirigentes, analistas e treinadores de que vai ser campeão quem errar menos nas contratações. Então a partir disso já se pressupõe erros de avaliações nas compras e até dispensas de atletas dentro da formatação do elenco.

Aqui no Brasil, principalmente nessa época em que o famigerado ‘mercado da bola’ de maneira obvia e natural domina o noticiário, existe a falsa impressão de que quem contrata mais e principalmente gastando mais dinheiro é quem terá mais sucesso. É a nossa velha mania cultura de individualizar um jogo que é coletivo.

As contratações do São Paulo foram boas? Claro que sim! Pablo, Hernanes e Volpi são inegavelmente grandes jogadores (não vou discutir aqui os valores envolvidos). Mas André Jardine terá o respaldo da direção? O Palmeiras contratou reforços pontuais que podem ajudar ao já qualificado elenco campeão brasileiro? Inegavelmente! Agora, será que esse mesmo elenco teria sido campeão em 2018 se não fosse a troca de Róger Machado por Felipão? O próprio Flamengo, sempre com reforços de peso. Não ganha nada de importante há quanto tempo?

Não existe garantia alguma de que jogador contratado dará bons frutos. Por mais apurada e detalhista que seja a análise de mercado, incluindo habilidades técnicas, táticas, físicas e psicológicas do atleta, o futebol é tão caótico e imprevisível dentro e fora de campo que fatores subjetivos, intangíveis e até incontroláveis poderão ter um peso decisivo no desempenho. Contexto do clube, ambiente entre jogadores, comissão e diretoria, relação da torcida de paciência / impaciência com determinada característica, sinergia e complementaridade entre posições e funções dos jogadores, enfim, são inúmeros elementos que determinam uma equipe cumprir ou não a lógica do jogo, vencendo ou não partidas e campeonatos.

O torcedor tem que pouco a pouco ir se acostumando a entender que o conceito de time é muito complexo. Nem sempre os melhores jogadores formarão os melhores conjuntos. Ideias de jogo, sinergia, trabalho de retaguarda fora de campo, como salário em dia, elenco blindado, logística e alimentação adequadas são fundamentais e fazem total diferença. Entender o clube como um todo, dentro de toda sua estrutura, é uma maneira mais fácil de antever resultados do que apenas observar lista de reforços.

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

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