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Crônicas – Das doses que não descem

Bruno Bossolan - www.brunobossolan.blogspot.com

Ontem tive uma overdose de mil pulsações claustrofóbicas. foi muito desconexo não sair de mim enquanto mergulhava no sentir. esguichei do sexo um sêmen não condizente com a proliferação saudável da metodologia funcional. eram futuros rançosos inorgânicos se estourando pelos espaços que não habita um espaço. eu lambi a única lágrima que Deus derramou quando se distraiu me dando atenção. acho que constatei o plenilúnio narcisista do Próprio. aproveitei e espatifei o mundo recalcado que me escondeu pelas palavras tóxicas da boa apresentação. mandei a proclamação do peito ao esgoto. antes de trancafiar a síndrome estudei o movimento. compreendi a função. descontrolei-me em ranhuras. assim como tudo é esporádico na vida. conheci tudo o que não se podia fazer. um estrategista ao enxergar labaredas de interesses queimando os próximos. passaram-se plasmações até que eu me reduzisse. congênito bípede de desatenção monótona. estou esquecido no fundo do baú dos brinquedos temporais. descartado com alguns que não prestam. alguém resolveu remendar os depreciativos. reciclar os de boa aparência. mas eu continuo triturado na pia do cosmo. me esconderam das crianças famintas e dos fetos degolados. o abençoado não quer ver a carniçaria que lhe repugna. mas se lembra quando sente o cheiro pútrido do meu nome nas velas benquistas. dar-te-ia os campos Elísios se a forma com que destoo permanecesse cintilante no delírio. reviram-me os morcegos da solidão. tento tocá-los ao acordar. e essa coisa que me faz ser desentendido não é porque me assusto. amo com o desenfreio de quem brada os ais incognoscíveis da permanência. me eleva essa vontade efervescente de estuprar o céu e sair rasgando a escuridão com a prece dos desesperados. enlouqueço diante da premissa de que apenas a razão é aceitável. expulso toda a perseverança do meu quarto. cravo uma disputa no epicentro da glândula pineal pelo espaço do vazio predominante em mim. uma luta coberta de rebeldia infundamentada. ninguém ousa segurar as minhas mãos enquanto escorrego para o fundo do ventre de onde me atrevi ao sair. tenho medo de me desgarrar entre vocês. minha preocupação é não ser contaminado pelos puros que exalam o desgosto dos olhos encharcados. uma cena para se admirar com a piedade longínqua e as costas exaltando desatenção. estou transpirando involutividade enquanto a estática me segura no arrepio da desilusão. o mundo é um matadouro em longas prestações e eu não tenho argumentos para negociar a bênção final.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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