Cronologia da vida de Amadeu Amaral
Iniciamos este ano de 2025, com esta coluna que visa, de toda forma, homenagear os 150 anos de nascimento do poeta, folclorista, jornalista, filólogo, acadêmico e ensaísta Amadeu Amaral.
Durante todo ano, estaremos, aqui, reproduzindo os seus escritos que vão de artigos, cartas, ensaios, críticas literárias, poesias, reflexões e crônicas. Esperamos, desta forma, contribuir com a memória desse notável capivariano autodidata e dono de uma cultura extraordinária.
Concitamos outros mais que se proponham a difundir a sua literatura, como uma retribuição a tudo que ele criou e engrandeceu a sua cidade natal.
Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado – nasceu na Fazenda São Bento da Boa Vista, em Capivari, SP, no dia 6 de novembro de 1875. Filho de José Arruda Leite Penteado e de D. Maria Carolina de Arruda Leite Penteado.
Síntese biográfica:
1883 – Ingressa no ensino fundamental em colégio de Capivari. Passa a infância na sua terra natal.
1888 – Com apenas 12 anos de idade, vai para São Paulo trabalhar na casa “Lion & Cia.”, de um parente da família.
1892 – Entra para trabalhar no “Correio Paulistano”.
1893 – Publica suas primeiras poesias no jornal “O Popular”, de São Carlos, onde seus pais passaram a residir.
1899 – Publica “Urzes” – poesias. São Paulo, SP.
1901 – Casou-se com a sua prima Ercília Vaz do Amaral, em São Carlos.
1902 – Nasce a primeira filha, Maria de Lourdes.
1902 – Publica “Névoa” – poesias
1903 – Nasce a segunda filha, Inocência.
1907 – Deixa a redação do S. Paulo.
1907 – Muda-se para São Carlos.
1907 – Torna-se redator do jornal “Correio de São Carlos”.
1908 – Nasce a terceira filha, Iolanda.
1908 – Chamado para trabalhar no jornal “Comércio de São Paulo”.
1909 – Muda-se para São Paulo.
1909 – Torna-se um dos fundadores da Academia Paulista de Letras.
1909 – Torna-se membro-fundador da Academia Paulista de Letras.
1910 – Nasceu o seu quarto filho, Amadeu Júnior.
1910 – Torna-se secretário de redação do jornal “Comércio de São Paulo”.
1910 – Publica o seu livro de poesias “Névoa”. Editora Magalhães, São Paulo, SP.
1910 – Entra para a redação do jornal “O Estado de S. Paulo”.
1916 – É um dos fundadores da “Revista do Brasil”.
1917 – Torna-se um dos fundadores da “Liga Nacionalista”
1917 – Publica “Espumas” – poesias. Edições d’A Cigarra, S. Paulo, SP.
1917 – Faz parte do grupo do “Estadinho”.
1919 – Entra na Academia Brasileira de Letras, sucedendo Olavo Bilac. Discurso na ABL, publicado no jornal “O Estado de S. Paulo”.
1920 – Publica “Letras Floridas” – ensaios. Editora Leite Ribeiro & Maurillo, Rio de Janeiro, RJ.
1920 – Publica “O Dialeto Caipira” – filologia. Casa Editora “O Livro”, S. Paulo, SP.
1920 – Publica “A Pulseira de Ferro”. Editora Olegário Ribeiro, S. Paulo.
1920 – Publica “Um soneto de Bilac”. Conferência realizada no Jaú Club, na cidade de Jaú, SP.
1920 – Trabalha intensamente nos estudos folclóricos.
1921 – Assume a direção da “Revista do Brasil”, por indicação de Monteiro Lobato.
1921 – Publica “Cuidar da Infância”, conferência lida em Ribeirão Preto, no dia 25 de dezembro, no Instituto de Proteção e Assistência à Infância. Jornal O Estado de S. Paulo.
1921 – Publica “Dante” – duas conferências. Editora Olegário Ribeiro, S. Paulo, SP.
1921 – Publica “A Poesia da Viola” – folclore paulista. Editora Olegário Ribeiro, S. Paulo, SP.
1921 – Trabalha na fundação da Sociedade de Estudos Paulistas, cujos estatutos foi por ele redigido.
1921 – Inicia-se na Loja Maçônica América no. 189 – São Paulo, SP.
1922 – Candidata-se a Deputado Estadual pelo Distrito de São Paulo. Pleito municipal em Capivari.
1923 – Muda-se para o Rio de Janeiro.
1923 – Viaja para a Bahia.
1923 – Passa a trabalhar no jornal “Gazeta de Notícias”
1924 – Publica “Lâmpada Antiga”. Carta de guia a meus filhos. Imprensa Metodista, São Paulo, SP.
1924 – Publica “O Elogio da Mediocridade” – ensaios. Estudos e Notas de Literatura, Editora Nova Era, São Paulo, SP.
1924 – Publica o livro “Lâmpada Antiga”.
1924 – Publica o livro “Luís de Camões”. Sua época, sua vida, o caráter, sua formação, a vitalidade e atualidade de sua obra. Revista de Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, RJ.
1925 – Volta para São Paulo. Assume como professor do Ginásio Moura Santos.
1927 – Publica no jornal “O Estado de São Paulo o seu estudo “Memorial de um passageiro de bonde.
1928 – Candidata-se pela 2ª vez como Deputado Estadual pelo Partido Democrático.
1928 – É conduzido como 1º. Diretor do “Diário Nacional”.
1928 – É conduzido como Redator-chefe do “Diário da Noite”.
1929 – É eleito Presidente da Academia Paulista de Letras.
1929 – Publica “As promessas do escotismo”. Conferência realizada em São Paulo, SP, no Salão Lira. Oficinas Gráficas do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, RJ.
1929 – Dia 24 de outubro – falece em São Paulo (SP), próximo a completar 54 anos de idade.
1931 – Publicado “Poesias”, pela Cia. Editora Nacional, reunindo parte de “Névoa” e todos os poemas de “Espumas”.
1938 – Publicado “Memorial de um passageiro de bonde” (obra póstuma), pela Edições Cultura Brasileira, São Paulo, SP.
1956 – Paulo Duarte, escritor e pesquisador, organiza todas as obras de Amadeu Amaral para uma possível publicação. Apenas algumas obras são editadas, inclusive a biografia “Amadeu Amaral”.
NOTA:
O acervo completo de Amadeu Amaral se encontra no CEDAE Centro de Documentação Cultural “Alexandre Eulalio” – “Fundo Paulo Duarte” – Universidade Estadual de Campinas – Unicamp.
PERFIL:
O escritor Paulo Duarte, uma das figuras mais célebres da literatura brasileira, em seu livro “Amadeu Amaral”, editado em 1976, pela Editora Hucitec, São Paulo, SP, assim traça o perfil do insigne capivariano:
“Amadeu era um homem profundamente sereno. Alto, magro mas espadaúdo, cabelo e pele claros, herança da mãe, muito loura, descendente talvez de holandeses, denunciava a sua serenidade até no andar. Olhos azuis, garços, muito grandes, davam a impressão de estar olhando ao longe, mesmo quando fitava alguém. Sua voz era um pouco rouca, sempre baixa e muito calma, e tomava uma grande expressividade quando conversava, falava em público ou lia versos ou prosa em voz alta, o que gostava muito de fazer. Até fins de 1917 ou 1918, usava grandes bigodes, como era moda, trambolho de que se libertou, dando ao rosto a sua verdadeira expressão de tristeza tranquila. Era proverbial a sua bondade. Não há quem se lembre de haver ele levantado a voz a quem quer que fosse. Nunca falava dos seus desafetos, todos gratuitos, a não ser para ressaltar um traço positivo. Mesmo dos mais rancorosos que os teve inexplicavelmente, ódios que eram sobretudo o reflexo de sua posição em O Estado de S. Paulo, e por motivos políticos de que Amadeu foi sempre absolutamente estranho. Os seus escritos, em prosa ou em verso, ressaltam esse amor pelos homens, pelos animais e pelas coisas, que se estendia até às árvores e às pedras da rua”.