Esportes

Desequilíbrio financeiro ameaça competitividade do Campeonato Brasileiro

O futebol brasileiro já está bem distante do seu auge. De fato, já são décadas desde que os times daqui conseguiam bater de frente com seus rivais mais ricos na Europa, disputando páreo a páreo troféus intercontinentais de forma oficial ou amistosa nos tempos em que ainda conseguíamos segurar nossos craques em campos nacionais.

Entretanto, uma característica que não havia sido mudada desde estes tempos era a alta competitividade entre os grandes clubes brasileiros. Ainda que haja um fator grande de concentração regional nesse sentido, com os doze grandes clubes do Brasil estando localizados no centro-sul do país, não há no mundo um campeonato com tantos times com potencial de levantar taças.

Desta forma, o fã de futebol se mantinha esperançoso e também engajado. Afinal, a qualquer hora uma reviravolta na fortuna de um rival, além de bons ventos chegando à popa, poderia colocar seu time no topo do torneio, como o que ocorreu com o Flamengo em 2009. A equipe aproveitou a queda de aproveitamento do então líder Palmeiras para saltar do meio da tabela da Série A rumo ao que seria seu sexto título do Brasileirão após quase duas décadas de jejum.

Só que, aos poucos, este tipo de evento tem tido chances cada vez mais reduzidas de acontecer. De acordo com as informações disponíveis na plataforma da Betfair, que oferece dicas para ganhar em apostas esportivas, os times que hoje ocupam o topo da tabela do campeonato brasileiro mantêm chances bem altas de título, conseguindo assim uma boa distância dos seus rivais, que estão mais abaixo na tabela. O Flamengo, atual líder do Brasileirão, carrega chances altíssimas de levar o troféu para a casa no final da temporada.

Em outros tempos isso seria visto como algo de momento. Tivemos de fato alguns campeões incontestes, como foi o caso do São Paulo em seu tricampeonato entre 2006 e 2008 sob o comando de Muricy Ramalho, e do Cruzeiro, bicampeão em 2013 e 2014 com Marcelo Oliveira como técnico do time. Mas aqui é inevitável não pensar que estamos sendo testemunhas da “normalização” do Campeonato Brasileiro.

É algo até simples de se explicar. Lá fora, geralmente os campeonatos são divididos entre o bloco da parte de cima da tabela e o bloco da parte de baixo. Não é incomum encontrar países onde um só time domine por completo o cenário, levando títulos por anos a fio e só deixando que seus rivais o alcancem em raríssimos momentos – caso do BATE Borisov, na Bielorrússia.

O que leva tais cenários a esse tipo de clivagem é a questão financeira. Clubes com maiores torcidas acabam conseguindo arrecadar mais dinheiro do que seus rivais e, com isso, os mesmos não apenas atraem astros regionais como também reforços vindos de fora.

Aqui já dá para notar as semelhanças com o que vemos no Brasil, onde Flamengo e Palmeiras se projetam como a dupla a dominar o cenário nacional por anos a fio. No momento atual, o Flamengo se encontra melhor graças ao engenho do time em atrair um técnico de ponta como Jorge Jesus, que conseguiu dar à equipe carioca a liga necessária para que seus astros atuassem no nível esperado. E, caso o Flamengo caia do trono um dia, o time que se encontra mais próximo dele é o alviverde paulista.

Caso isso se confirme, os tempos de disputas emocionantes como a do título de 2010, em que o Fluminense só levantou o caneco no último jogo da temporada, não serão mais lugar-comum no nosso futebol. A maneira de evitar tal cenário passa por algo que parece estar bem longe de acontecer: um pacto entre clubes que permita eliminar as atuais desigualdades, permitindo que todos fiquem próximos um do outro em recursos para que ninguém descole do páreo. Se tal tipo de atitude nobre acontecerá um dia, só o tempo nos dirá.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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