J.R. Guedes de Oliveira

Dionino Colaneri em “In Hoc Signo Vinces!”

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Escritor J.R. Guedes de Oliveira (Foto: Divulgação)

Certos textos escritos e publicados em jornais nos deixam, muitas vezes, surpreendidos pela clareza e pelo profundo conteúdo. São verdades e motivos para a nossa reflexão no cotidiano, principalmente nos tempos em que vivemos um tanto quanto reclusos, em vista dessa horrível pandemia.

Em nossos guardados, temos um recorte do jornal Correio Paroquial, edição do dia 13 de janeiro de 1940 (há 80 anos, precisamente), com um artigo do benemérito capivariano Dionino Ângelo Colaneri, falecido em 26.08.2010, com o título de In Hoc Signo Vinces!, dedicado a sua então noiva, Corina Cortellazzi que, depois, se tornou a sua mulher, cujo casal teve os brilhantes filhos: Dionino, Ângela e Ivan.

Homem de múltiplas atividades em Capivari, a sua página vivida na ação em prol do próximo é um exemplo de grandeza e pureza no acolhimento ao desafortunado, razão pela qual o registro de seus feitos ficou eternamente gravado nas grandes realizações terrenas.

Passado 10 anos de sua ausência e 80 anos deste texto maravilhoso, o que nos parece oportuno é reproduzi-lo na íntegra, como forma de reconhecer méritos e avivar, um pouco mais, a sua memória:

“Qual esse sinal com que alguém haveria de vencer? Qual a causa que seria vencida? Quem seria o vencedor?
O imperador romano Constantino, marchava certa vez com seu exército, contra Mascêncio, para decidirem a posse do título de imperador dos romanos, quando entre as nuvens apareceu, visível a todos, uma cruz toda brilhante com estes dizeres: In Hoc Signo Vinces!

Na seguinte noite, Jesus Cristo apareceu em sonho a Constantino, ordenando-lhe que fizesse um estandarte, com o sinal que havia visto. Constantino assim fez; conseguiu derrotar Mascêncio e tornou-se imperador absoluto dos romanos.

Antes de Cristo, a cruz era considerada suplício vergonhoso; depois e desde a aparição a Constantino, tornou-se o símbolo dos cristãos. Carreguemos o sinal da cruz, o sinal dos cristãos, o sinal da vitória certa. Mas esse sinal deve em nos ser representado pela Caridade, que é o reflexo do sinal da cruz.

Caridade! Doce e sublime vocábulo pelo Nazareno introduzido no mundo.

Caridade! Introduzida que fostes no mundo, modificastes, revolucionastes, toda a face do planeta Terra.

Caridade! Infelizmente, não de ainda bem compreendida por muitos; julgam que fazer caridade é dar esmola aos pobres famintos. Entre dar esmola e praticar a caridade, há uma distância nem por todos pressentida. Ser caridoso é ser bom, simples, condescendente. Um gesto… um olhar… um sorriso…

Há muita diferença entre dar esmola com e sem caridade. A esmola deve vir sempre acompanhada de uma palavra amiga, um consolo, de um olhar bondoso. De nada vale a aquém dá, a esmola feita com pouca vontade, isto é, sem Caridade.

Das três virtudes, fé, esperança e caridade, São Paulo aponta-nos a caridade, como a principal, a mais precisa: Que valeria se minha fé desse para transportar montanhas se eu não praticasse a caridade?

Jesus, sublime e meigo, não se cansou de pregar por palavras e atos à caridade, pois é a chave que dos céus abe os caminhos. Bem disse Vitoriano Palhares: O vício é aquilo que negreja sorrindo; a virtude, aquilo que brilha chorando. A caridade, pois, brilha chorando!

Caridade! Virtude das virtudes, super-virtude! Caridade! Eis a luz redentora dos mortais, pobres e míseros desta vasta penitenciaria que é o planeta Terra. No entanto, os homens esquecem de praticar-te, esquecendo que só praticando-te, é que nós, almas prisioneiras, poderemos voar para o seio de Deus, no momento do ajuste de contas.

Cristãos! Lembremo-nos de que Constantino venceu a guerra com o sinal da cruz, isto é, com fé, e nós haveremos de vencer a batalha da alma, com a prática da Caridade, sem a qual não haverá salvação”. Capivari, dezembro de 1939.

ARTIGO escrito por J. R. Guedes de Oliveira, ensaísta, biógrafo e historiador. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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