ColunistasRubinho de Souza

Divagações gastronômicas…

.

Hoje, num momento de divagações, me veio à lembrança que quando éramos crianças, nossa mãe, nossas avós, improvisavam na cozinha, pois os tempos eram difíceis, e a gente ganhava nos açougues, em especial do açougue do Luizinho Stoppa, que ficava na rua Mauricio Allain ossos com os quais nossas avós faziam sopas.

Era comum, principalmente em dias frios, em toda casa, o prato principal da família ser sopa com ossos que vinham cheios de tutano, diferente de hoje em dia, em que a carne já vem quase sempre desossada, naquele tempo esse serviço era feito pelo açougueiro, que ficava com grande quantidade de ossos para descartar, e muitos deles vinham com restos de carne que davam um sabor indescritível às receitas.

Minha nona Angelina, por exemplo, fazia uma sopa que por mais que tentemos fazer igual hoje, mesmo que compramos carnes com osso, como acém e costela, mas não é a mesma coisa. A Luci já aprendeu tostar a carne e deixar com a mesma textura e consistência daquela que a nona fazia, mas ainda assim, não é a mesma coisa.

Outra coisa que preciso registrar de minha nona Angelina, é que aprendi duas coisas com ela que são muito boas no frio, que como boa descendente de italianos só poderia ser à base de vinho! É depois de preparar aquela sopa bem gorda e quente, amarronzada pela carne tostada, derramar um copo de vinho dentro dela… só de pensar, dá água na boca!

E outra é um café recém coado, misturado com a mesma quantidade de vinho tinto, seco, ou suave. Eu, particularmente prefiro o seco, mas fica muito bom se usar vinho do porto. Meu saudoso amigo, “Seu” Manoel Pisco, português nato, adorou, quando provou a receita.

É impressionante, como coisas simples, como relembrar sobre receitas de comidas e gostos diversos, começam a nos trazer outras coisas e mais episódios em nossa lembrança, tal como o açougue do Luizinho Stoppa, onde eu ia pra minha mãe e a nona Angelina comprar de caderneta.

Ao vir a mente essas memórias gastronômicas, recordo-me também dos bifes de lagarto que ela mandava comprar e até hoje não comi igual.

Lembro-me também que ao sair das aulas de educação física, no campo de RCA, já quase na hora do almoço, ao passar no bar de Seu Rubens Rodrigues, parava para comprar uma porção de carne acebolada que eles faziam, que era uma coisa deliciosa.

Quando não era no Bar do Seo Rubens, era no Bar do Baiano, ao lado do cinema, onde íamos jogar fliperama, e ele vendia uma carne de sol que ele fazia frita, e que também nunca mais comi igual.

Hoje apesar de termos mais fartura que naquela época, e os preços serem relativamente mais acessíveis, os sabores já não são os mesmos. Acho que tivemos o privilégio de viver numa época em que as coisas por serem mais difíceis, tinham mais sabor!

(O Colaborador do Grupo Rafard Do Fundo Do Baú, Jr Quibao (na foto com seu primo Edmilson), em postagem feita em 23/05/2018 recorda sua infância – com adaptação para o Jornal O Semanário)

COLUNA de autoria de Rubinho de Souza
Envie sua colaboração para o colunista: [email protected]

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo
Abrir bate-papo
Olá
Podemos ajudá-lo?