Rubinho de Souza

Do Fundo do Baú Raffard: Março – Mês das Mulheres

Dia 08 deste mês comemorou-se o Dia Internacional da Mulher.

Assisti um vídeo do grande jornalista Alexandre Garcia, em que ele abriu seu comentário com os seguintes dizeres: – Comemora-se o dia internacional da mulher, e quem mesmo sendo homem, em sua vida não dependeu de uma mulher? Ao nascer já dependemos de uma, que é a nossa mãe. Aqueles que têm irmãs sempre tem uma dependência de carinho pela irmã. Se namorou, casou, há uma dependência material, moral e amorosa. Enfim, sem a mulher, dizia ele, o homem não é nada!

Mas o que poucos sabem, até mesmo as homenageadas, é desde quando e porque foi escolhido o dia 08 de março para o Dia Internacional da Mulher…Pois aqui você ficará sabendo, porque esta coluna também é cultura!
As várias versões que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 25 de março de 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas, o que sem dúvida, marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.

Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos, para redução das jornadas de trabalho que eram de aproximadamente 15 horas diárias com salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial, o que levou as mulheres a fazerem greves para reivindicar melhores condições de trabalho e também o fim do trabalho infantil, que era comum nas fábricas durante esse período.

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Foto enviada pelo colunista

Na verdade, o primeiro dia instituído como Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país, e no ano seguinte, oficializou-se a data como sendo 28 de fevereiro, dia em que um protesto reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.

Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações.

Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra – em um protesto conhecido como “Pão e Paz” – que a data foi consagrada, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.

Com essas duas, ou com outras tantas versões, materializam-se, em face da diversidade de interpretações, a verdadeira origem do Dia 08 de março como o Dia Internacional da Mulher. Contudo, é impossível não reconhecer o vínculo entre as datas das tragédias e vitórias relatadas com a escolha da data hoje oficializada. A aceitação desse vínculo está registrada em textos, livros e palestras da atualidade. E, com certeza, essa aceitação não decorre exclusivamente de documentos oficiais, mas principalmente de um registro imaterial que é a memória de quem reconhece e jamais esquece as recorrentes e seculares reivindicações femininas por justiça e igualdade social.

Nossas sinceras homenagens a todas as mulheres.

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