Editorial

Editorial – A vida é tão rara

Há tempos, a saúde pública vem sendo usada para fins políticos, emaranhada numa crise sem fim, estagnada na Tribuna Livre dos interesses partidários. De um lado um impasse que se esbarra em contravenções judiciais, do outro uma entidade afogada num montante de R$ 14 milhões em dívidas, com sua estrutura física danificada e a moral abalada.
Os culpados, quem sabe? Talvez não seja mais a hora de se colocar a culpa em alguém. Talvez seja a hora de se deixar o falso poder de lado que os cargos transmitem e trabalhar em prol da população. Atentar-se ao estado crítico em que se encontra a saúde pública de Capivari e racionalizar antes de tentar tomar qualquer medida pela própria vaidade.
Ano passado houve uma euforia imensa, ainda que apreensiva, quanto à inauguração da UTI. Politicagem, feita nas coxas, arrastada com a barriga, perdida pelo desespero de se deixar uma marca na história da entidade e da administração pública, mas o que acabou acontecendo foi uma salada de irresponsabilidade, temperada com o minimalismo das palavras vazias com pitadas de um setor endividado. Nada mais fizeram do que jogar vinagre e sal na ferida da saúde pública.
Mas não é de hoje, de ontem, ou do ano passado que a situação está complicada para quem depende da Santa Casa, e para a própria diretoria da entidade. Quem disser que acabará com essa dívida em uma gestão, está mentindo. Quem disser que irá tirar a Santa Casa do poço, está mentindo. O trabalho para isso é árduo, mas uma hora deve começar, e não centralizado numa disputa de administrações, mas envolvendo e unindo quem é responsável pelos setores, tanto na Santa Casa como na Prefeitura.
Vimos um bom senso por ambas as partes, reuniões, diálogos e quiçá, um desprendimento do querer pessoal, abraçando realmente a necessidade da população, deixando torcer o braço daqueles que se mantinham frios em suas posições.
O quadro clínico é crítico. Faltam profissionais para atender a demanda. Mas será que isso não foi pensado antes de começar a reforma da UTI? Será que não houve nenhum estudo de quanto se gastaria para manter os novos equipamentos? O que será que será?
Sabemos que R$ 14 milhões não surgirão ‘da noite pro dia’, e que não é de uma hora pra outra que as coisas vão melhorar, porque se depender da politicagem, elas nunca vão. É sim necessário que se faça uma equipe para contabilizar os gastos, para que saibam administrar. Situação complexa que requer um ‘grupo’ responsável, que faça um verdadeiro trabalho em equipe.
Que as medidas judiciais se façam presentes, para que seja respeitado o ciclo natural da vida, ela não espera a vontade do outro, ela tem seu próprio caminho a ser trilhado, mas se alguém puder ajudar a prolongar a estadia desses que buscam os cuidados específicos, então que compartilhem da boa vontade, e principalmente, da autoridade que possuem quanto ao cargo que ocupam. O lado humano deve ser preservado, independentemente dos atritos pessoais. “O mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e o mundo espera de nós, um pouco mais de paciência… a vida não para, a vida é tão rara” – Lenine.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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