Editorial

Editorial – As questões que nunca podem ser respondidas

“A diretoria não autorizou… É política da empresa não passar esse tipo de informação… Esses dados não podem ser divulgados… Não sabemos dizer… O departamento jurídico nos aconselhou a não dizer nada sobre o assunto… A empresa não tem nada a declarar” – essas são algumas das tradicionais ‘frases prontas’ recebidas pelos meios de comunicação que ‘cutucam’ as instituições, sejam elas públicas ou privadas, com perguntas nada agradáveis, ou melhor, que na maioria das vezes só não são de interesse deles, mas de extrema relevância para o conhecimento público.
Os veículos que procuram fazer um jornalismo sério e de credibilidade, e na ansiedade de checar a fundo as informações, buscando os mínimos detalhes para retratar ao leitor a verdade dos fatos e nada mais que a realidade dos acontecimentos, acabam sendo cerceados com esse tipo de respostas curtas.
Exemplificando e questionando o tema abordado, no início deste mês, a reportagem deste periódico visitou a usina de cogeração de energia da Raízen – Unidade Rafard, que desde 2009, gera energia através da queima do bagaço da cana, que consequentemente abastece toda a usina durante o período da safra.
O que nos chamou a atenção, é que além de abastecer toda a unidade, cerca de 33 a 34 MW/h são exportados (vendidos) à Companhia de Força e Luz – CPFL, inclusive com contrato firmado. Você deve estar se perguntando: legal, e daí? Daí, que tanto se fala na queda de arrecadação de impostos no município de Rafard e resolvemos perguntar: a venda dessa energia excedente à CPFL gera recolhimento de impostos para a cidade? Vocês poderiam informar quanto é recolhido de imposto no município? Até entendemos que pela política da empresa o valor recolhido de impostos não possa ser revelado, mas insistimos na pergunta: poderiam apenas confirmar se é recolhido imposto no município com a venda dessa energia? Como eles, prefiro nem revelar a resposta que recebemos. Indagamos também o setor tributário da Prefeitura de Rafard e a resposta, adivinhem? ‘Frase pronta!’
Quem conhece a história da construção dessa usina de cogeração de energia, sabe que ela custou a derrubada da casa do fundador da cidade de Rafard – que estava no caminho. Então, nada mais justo do que insistir em saber se esta energia está rendendo benefícios para o município.
Não queremos aqui, de maneira alguma, menosprezar, criticar ou rechaçar a Raízen, com valor de mercado estimado em US$ 12 bilhões e cerca de 40 mil funcionários, uma das mais competitivas companhias na área de energia renovável do mundo, proprietária de 24 usinas com aproximadamente 65 milhões de toneladas de capacidade de moagem de cana-de-açúcar por ano, com produção de quase 2 bilhões de litros de etanol e 4 milhões de toneladas/ano de açúcar. Mas cada cidade merece e o povo tem que exigir o que é de direito, afinal, quem ‘atura’ a fumaça e o cisco com a queima da cana? Quem é obrigado a disputar espaço e ‘comer’ terra nas estradas com os bi trens e treminhões? Quem bate boca até com a sombra quando é obrigado a limpar a fuligem do bagacinho da cana, trazido pelo vento no quintal das casas? E por aí vai…
Toda cidade gostaria de ter uma empresa desse porte, mas quem recebe o ônus também merece o bônus e se as autoridades responsáveis não tirarem a ‘bunda da cadeira’ e exigirem o ‘casamento perfeito’, uma parceria fiel, com apoio e incentivos financeiros, projetos sociais e benefícios palpáveis, além do que lhe é de direito, as coisas continuam do jeito que estão… ou pior! Como diz o ditado: “Quem não chora não mama!”
Será que os rafardense não poderiam obter algumas isenções fiscais ou redução de valores ao consumirem o etanol, o açúcar e a energia elétrica que são produzidos aqui na nossa cidade? Por que muitas vezes chegamos a pagar mais caro por um produto que é produzido aqui?
É, são assuntos para serem refletidos. Pena que a maioria dos políticos não gosta de tocar neles! Por que será?
Talvez, sejam questões que nunca possam ser respondidas…

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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