Editorial

Editorial – De janelas fechadas

É uma onda de violência no cansaço de quem não vê. Janelas fechadas para que os sonhos não se percam, para que ninguém invada a casa e se aproprie das verdades tão bem cuidadas. Se sai para a rua, trancafia a esperança pensando deixá-la em segurança. O ir e vir confinou-se no medo de não voltar. São tantos crimes escondidos em um rosto, que julgar o próximo é apenas uma solução para se esquivar.
Problemas de segurança pública que antes eram vistos somente nas Capitais e cidades grandes, hoje já alastram nossas pequeninas cidades do interior. O Governo Federal parece não enxergar o que está acontecendo, nem debaixo de sua fuça, muito menos ao lado de sua responsabilidade. Esqueceu que o criminoso, quando pensa e o cerco aperta, se evade das cidades grandes, migrando para o interior, em busca de algumas férias ou começar um novo reinado, de acordo com a sua especialização no crime. Se a renda ficar significativamente moderada de acordo com a economia local ele fica, se estiver dando prejuízos aos esquemas, ele volta ao seu lugar de origem, como um bom samaritano.
A criminalização do proletário se tornou uma saída para esconder outra classe de bandidos submersas nos esquemas políticos, onde o rabo deve permanecer intocável, até que toda a lona caia e desmascare o caráter enlodado de cada um que sustentava o crime dos alfabetizados.
O cidadão está se adaptando à criminalidade, e não o criminoso à moral. O Governo está entupindo diversas cidades do interior com presídios, e quando falta verba para construir grades, de onde ele tira? Primeiramente da Cultura, ou até mesmo da Saúde, depois da onde estiver “sobrando”.
Essa banalização da Cultura e preocupação moderada com a Educação tem causado uma decadência no viver da sociedade. Investe-se para punir e se esquece de educar. Tentam podar as asas de um pássaro colocando-o na gaiola, e não ensinando que a liberdade é a única maneira de se sair da gaiola que o próprio pássaro constrói quando tem medo de voar.
Um avião com 400 quilos de pasta base de cocaína cair em nossa região era algo impensável, de praticamente só acontecer em uma hipótese distante, ou até mesmo em filmes e novelas, mas aconteceu aqui, do nosso lado. Faltou compromisso e responsabilidade dos ex-prefeitos com a população, deixando os cofres públicos defasados, omitindo verdades e calando-se diante de questionamentos sobre a falta de verbas, principalmente para a saúde pública, realidade atual.
Infelizmente, tudo o que é rendável, corrompe, e algumas pessoas são baratas e negociáveis. Assim como não é a arma que mata, e sim a intenção do homem, a precariedade oferecida aos municípios, se tratando de segurança pública, é risível. O Governo divulga em seus depoimentos, quantos projetos foram aprovados para o estancamento superficial do problema, mas não fala quantos jovens morreram nas ruas, envolvidos com o tráfico, quantos policiais morreram combatendo esses jovens, quantas escolas estão em estado precário, sendo que elas eram pra servir de abrigo aos jovens criminosos, quantas crianças morrem na cegueira de um Estado despreparado.
Deve-se entender que nem tudo é culpa do Estado, e muitas vezes a culpa é de quem consente em “deixar pra lá” quando vê o abuso, não importa de qual lado esteja acontecendo, se dá como forma de violação dos direitos de ir e vir.
Já não é possível dormir, nem com a janela aberta e nem com os olhos fechados. A insegurança começa logo cedo, quando a incerteza do que fazer com a falta das ações se remete ao próprio futuro. A culpa é de quem? Talvez seja da História, ou talvez seja da aceitação que ela impõe de como quer que seja.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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