Leondenis Vendramim

Ellen G. White e Wesley, o que há em comum

Creio ser necessário aprofundar mais sobre o tema para tornar ainda mais claro que os escritos de White e os wesleyanos são bastante similares.

Após minha tese de mestrado no Instituto Metodista de E. Superior, o meu orientador Dr. Duncan Alexander Reily asseverou minha afirmação: “é uma pena que os metodistas tenham se divorciado de seu fundador”.

A doutrina do Novo Nascimento é uma das mais importantes para o Fundador do Metodismo. A Justificação pela Fé antecede ao Novo Nascimento; na justificação o pecador recebe o perdão dos pecados pela fé em que Cristo derramou Seu sangue para sua absolvição, enquanto no Novo Nascimento o justificado torna-se um novo ser, guardador da lei de Deus, sem vícios, cuidador de sua saúde, amante de seus familiares, e com bom comportamento.

Em nada diferencia do pensamento whitiano: “Todo homem tem hábitos corruptos e pecaminosos que têm de ser vencidos por vigorosa guerra. Alguém que seja seguidor de Cristo não pode ser desonesto nos negócios, não pode ser de coração duro, sem simpatia.

Não pode ser rude na palavra. Não pode ser cheio de imponência e estima própria. Não pode ser autoritário, nem pode usar palavras ásperas, e censurar e condenar”. Manuscrito 16, 1890.

Para ambos Deus criou o homem à Sua imagem, perfeito e sem propensão para o pecado tendo o livre arbítrio para obedecer ou não a lei dos dez mandamentos, para viver eternamente, mas não “imortal”, “criado para ficar em pé, no entanto sujeito a cair”.

Como Adão escolheu o mal, morreu e a morte passou a todos – conf. Ro. 5:12 (ver Sermões v. 2. P. 386; e P. Profetas, p. 45 e 49). Por isso há necessidade de um novo nascimento no qual ocorre uma transformação interior, não exterior, pois aquele que estava morto, praticando pecados, agora reviveu para Deus, uma pessoa totalmente diversa.

O novo nascimento difere do batismo, pois o batismo pode ocorrer em outro momento, até mesmo acontecer sem a pessoa ser nascida de novo.

Para aqueles que transgridam a lei de Deus, profanam o dia do Senhor, praticam a bebedice, tornam novamente filhos do Diabo, crucificam outra vez a Jesus, devem nascer de novo do Espírito Santo. Embora Wesley diga que somente os nascidos de novo podem entender as coisas de Deus porque estas coisas se discernem espiritualmente (1Cor. 2:14).

Ambos diferem na questão do batismo. Wesley diz não encontrar clareza bíblica quanto ao batismo infantil, e nem requisitos para ser por aspersão ou submersão. Ele deixa a resolução com cada um.

Ellen White afirma que o batismo bíblico simboliza o novo nascimento, mudança de vida e somente os que entendem podem mudar de vida (conf. Mat. 28:19-20).

Ela só aceita o batismo por imersão simbolizando a morte do pecador (a imersão) e o novo nascimento (o surgir da água, conf. Ro. 6:3-14), conforme o batismo de Jesus e do etíope. (Marc. 1:9-10 e Atos 8:36 -39)

Para ambos a fé é mais do que um assentimento, um ato mental, mas uma segura confiança em que Deus pelos méritos de Cristo, perdoa seus pecados e restaura-o no seu favor. (Sermões v.1, p. 370).

A fé implica em reconhecer, que não tendo como pagar pelos pecados, não confiando nas suas obras suas próprias obras, nem possuindo justiça de qualquer espécie, vem a Deus na condição de pecador perdido, culpado diante do Senhor, à plena convicção de que somente de Cristo vem a salvação. (Idem p. 371)
White escreveu que não podemos expiar os nossos pecados do passado, nem mudar nosso coração e tornar-nos santos. Deus promete fazer isto por nós, por meio de Cristo. Deus cumpre Sua palavra para conosco.

Se credes na promessa – crede que estais perdoados e purificados. Deus supre o fato: exatamente como Cristo conferiu ao paralítico poder para caminhar quando o homem creu que estava curado.

Assim é se o credes. (p. 45) “Abandonai a suspeita de que as promessas de Deus não se referem a vós. Elas são para todo transgressor arrependido”. (p. 46) “Aquele que procura tornar-se santo por suas próprias obras, guardando a lei, tenta o impossível.

Tudo o que o homem possa fazer sem Cristo está poluído de egoísmo e pecado. É unicamente a graça de Cristo, pela fé, que nos pode tornar santos”. (Idem, p, 51—52)

Também diz, que temos de aceitar a Cristo como nosso Salvador pessoal, do contrário falharemos em nossa tentativa de ser vitoriosos.

A fé não é feliz impulso de sentimento; é simplesmente pegar a Deus em Sua palavra – crer que Ele cumprirá Suas promessas porque disse que o faria. Nossa Alta Vocação. (Meditações Matinais, 1962), pág. 137)

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