Rubinho de Souza

Era uma vez, o dia em que todo dia era bom…

Hoje, o passado bateu à minha porta novamente, mas como fiz das outras vezes, não o espantei, pelo contrário, deixei-o entrar e aproveitamos para confabular, e, ato continuo, ficamos em paz um com o outro.

Pensei, refleti, e cheguei à conclusão que finalmente envelheci, mas com a certeza e sabedoria para entender e constatar, de que pertenci a uma geração de ouro, que nunca mais vai voltar.

Sabe, aquela geração que ia à escola a pé, sem ser preciso que os pais os levassem, que ao chegar da escola, a primeira coisa que ia fazer era a lição de casa, literalmente.

Uma geração que tinha a pureza no coração, era disciplinada, obediente aos pais, e era ensinada a pedir bençãos aos mais idosos: – Bênção pai, benção mãe, benção vó, benção vô!

Nessa época, nosso telefone de brincadeira, eram duas latinhas ligadas por um barbante comprido esticado, em que cada um ficava com a boca em uma das latinhas conversando, já os adultos usavam o orelhão que acredito se não acabou, está em extinção. Logo, logo, essa nova geração, vai ver algum que sobrou nalguma praça e perguntar – admirado: – O que é aquilo?

As tatuagens nesse tempo eram feitas por nós mesmos, com a embalagem da goma de mascar, que se popularizou como chiclete – por ser a primeira marca a se impor no mercado. Bastava um banho e lá se ia a nossa tatuagem…rsrs

Foto: Reprodução/Internet
Foto: Reprodução/Internet

Mesmo sabendo que já escrevi aqui neste espaço há algum tempo atrás, mas é bom repetir, sou da geração usava todo o tempo livre, depois de fazer a lição da escola, com o cuidado dos pais, que brincava até quando a noite chegava e escurecia, pois eram poucas as ruas iluminadas e quando eram, a luz era precária.

Sou daquela geração que inventava os próprios brinquedos para se divertir, tais como: carrinhos de rolimãs, revolver de madeira, bambu e elástico, com bala de feijão. Nossas mães ficavam bravas quando a gente pegava um punhado de feijão e enfiava nos bolsos do calção.

A gente brincava em turmas de: queimada, bastão, tempo pais, passa anel, esconde-esconde, polícia e ladrão, entre muitas outras que se for citar, este espaço é pequeno.

Na divisa de Rafard e Capivari, ali na Praça do almoxarifado, no tempo em que aquele córrego que ainda está lá, tinha águas limpas que se podia até beber, onde mariscava e pegava muitos lambaris.

Às vezes a gente se unia para catar pedras no tamanho que nossa força aguentava e fazia uma “represinha” formando um lago, para depois nadar. Quando a força da água rompia a nossa represa, eram gritos de alegria e noutro dia, lá estávamos novamente brincando.

Nessa época, a gente colecionava, desde maços de cigarro vazio, figurinhas para colagem em álbum, bolinhas de gude, pião, tampinhas de refrigerantes que tinham umas figurinhas, entre muitas outras…

Nossos doces, eram pirulitos com assobio, pirulito Zorro, maria mole, suspiro colorido, e, ainda tinham os vendedores de rua que vendiam “martelinho” e “raspadinha” que eram fornecidos em papel celofane e algodão doce, vendido pelo sr. Cardoso. Tinha “bijú” vendido pelo Zé Mineiro, sorvete quem vendia era o Chibarro e Pinguim vendia Amendoim e paçoquinha num cone de papel. Os pães eram entregues nas casas por Airton Cordeiro e outros.

Por falar em papel, a gente fazia muitos aviõezinhos de papel, além é claro de nossas pipas, que a gente chamava de “papagaio”.

São bons tempos, que não voltam mais, e que valeu a pena ter vivido, digo valeu a pena, pelo fato de que era um tempo em que não tínhamos a tecnologia e as facilidades de hoje, mas por isto mesmo, a gente tinha que ser criativo para ter nossos brinquedos e poder brincar.

Era um tempo dourado em que para nós, crianças, nos parecia como uma só família, vivendo todos num mesmo bairro.

Era uma vez, o dia em que todo dia era bom.

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