ArtigosJ.R. Guedes de Oliveira

“Esperança” – poesia de Rodrigues de Abreu

Na poesia “A oração de um poeta humilde”, Rodrigues de Abreu assim termina este verdadeiro hino ao Criador: “Não seques nunca a fonte humilde da poesia/ que sem merecimento do teu servo,/ ocultaste no terreno do meu ser!”.

Sabemos, pois, que o poeta capivariano foi, mesmo em pouco tempo de vida, um fantástico versejador, nos legando páginas e mais páginas de escritos. Contudo, ainda sabemos que muitos destes escritos foram queimados em razão do medo ou receio da contaminação de sua tuberculose.

O que realmente salvou, foi graças ao seu trabalho editado (A Sala dos Passos Perdidos e a Casa Destelhada), contando com poesias e reflexões publicados nos jornais O Município e a Gazeta de Capivari (ambos de Capivari) e esparsos em revistas da década de 20.

Falando, assim, de suas publicações em revistas, conseguimos descobrir uma poesia com o título de “Esperança”, inserida na Revista “A Cigarra”, no. 159, edição de 1921. Não a encontramos no rol do livro “Poesias Completas de Rodrigues de Abreu”, editado em 1952 e organizado por Domingos Carvalho da Silva.

Quem sabe algum estudioso da vida e das obras de Rodrigues de Abreu nos possa trazer algum subsídio de sua publicação em algum órgão ou jornal de literatura. Contudo, para ilustrar, ei-la:

Esperança

Não foi para amar-te apenas
em sonhos que eu vim ao mundo
e curto estas longas penas
e sangro em amor profundo…

Nem o orgulho sofreria
esta grande humilhação
que eu carrego noite e dia
e que enche o meu coração.

O sonho é belo, mas cansa…
E eu já cansei de sonhar.
Vivo agora de esperança:
ninguém cansa de esperar.

Ninguém. Que todos na vida,
amando, ardem nesta chama.
Esperança, és, comovida,
o consolo de quem ama!

Vim para arde nestas trevas,
para nas trevas brilhar
quando, piedosa, me elevas
na volúpia de um olhar;

para esperar, na tristeza
muito contente e feliz,
o mais que, nessa pureza,
o teu olhar me não diz.

E vivo, nesta esperança,
para, como homem, te amar…
E não canso e a alma não cansa,
ninguém cansa de esperar.

Eis, pois, a nossa homenagem sempre presente ao poeta Rodrigues de Abreu, por tudo o quanto ele produziu e amou a sua Capivari.

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