Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Extremos, opinião e aborto

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

A ponte serve ao público sem exceções, por afirmar-se contra o extremismo.
André Luiz (Chico Xavier) – Agenda cristã – FEB

Todos que têm celulares hoje em dia recebem mensagens extremas dos dois lados, em diversas circunstâncias, especialmente em questões político-partidárias. E mesmo antes das eleições já se iniciam os ataques.

Recebi uma mensagem essa semana atacando o governo: “As congregações são celeiros para teorias terraplanistas, antiecológicas, antivacinação, antiaborto, a favor da família tradicional, da violência policial, do armamento e do encarceramento”.

O meu anseio é que mais pessoas tenham acesso à educação sexual e a meios contraceptivos. O governo, além dessas medidas, está estimulando os jovens à abstinência sexual, porque o índice de iniciação sexual de adolescentes de 12 a 14 anos é muito grande.

Em entrevista ao jornal O Globo, uma das responsáveis por políticas públicas do governo federal, Jayana Nicaretta, diz que “é preciso conscientizar jovens sobre a ‘parte ruim’ do sexo”. Ela defende a abstinência sexual entre os jovens e que hoje as “músicas só falam da parte boa da prática sexual”.

Aos 25 anos, Jayana Nicaretta é a face jovem por trás da campanha do governo para prevenir a gravidez precoce com foco na abstinência sexual. A engenheira participa das discussões do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos sobre o tema e foi quem sugeriu o lema “Pense duas vezes”.

Diz a jovem secretária: “De 2009 a 2011 houve 162 mil gravidezes com menores de 14 anos, 162 mil estupros de vulneráveis. É algo que vai muito além da opinião moral, não é uma questão religioso. Há jovens iniciando a vida sexual de forma muito precoce, não estão preparados, e isso é chamado estupro de vulnerável, não tem outro nome”.

Muita gente está debochando dessa política, mas se a sociedade, as escolas, as igrejas, os clubes de serviços desenvolverem a conscientização da responsabilidade sexual e o amadurecimento para sua prática, bons resultados poderão advir dessa iniciativa, aliada a outras em operação. Porque quando as meninas, jovens e mulheres não buscam informação, não usam métodos contraceptivos, o resultado são sérias complicações de saúde para elas e suas famílias.

Segundo pesquisa publicada na revista The Lancet, 2017, o Brasil está entre os países com grande número de abortos, e indica que 97% dos abortos inseguros hoje, no mundo, são registrados na América Latina, na Ásia e na África.

Já passamos por diversas crises e governos e esse também não será o salvador da pátria. Temos que respeitar e cumprir as leis. Somos nós quem colocamos os governantes no poder.

Tudo passa, só o bem perdura, porque é luz. E a luz afasta as trevas.

ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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Jornal O Semanário

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