Felicidade é um tema sobre o qual todos gostam de abordar: poetas, literatas, filósofos, teólogos, e eu também. Felicidade é um estado de exitoso bem-estar, alegria interna; não necessariamente de riqueza.
Quando lecionei, em Santos, em 1961, conheci uma senhora alta, negra, que vendia doces de leite, à porta da igreja para manter seus filhos. Eu gostava muito de suas conversas, simples, com uma alegria contagiante. Estava sempre disposta, satisfeita.
Eu comprava, para ajudá-la e porque saía contagiado. Seu nome: Felicidade. Um amor de mulher. Outra negra, pobre, maravilhosa e feliz, D. Amélia, faxineira, sempre feliz, serviçal e com palavras animosas.
Há muitos anos, talvez 50, li a história : “O Rei e o Homem sem Camisa” e a resumo-a: Um rei queria dar uma lição ao seu filho, infeliz e, ao qual nada o satisfazia. Levou-o pelo seu reino. Passando por uma plantação de cevada, viu um homem, sem camisa, carpindo e cantando alegremente. Entabulou uma conversa com aquele carpidor de roça: “Com esse sol, você sem camisa?” “Majestade”, respondeu o homem: “o teu servo não tem camisa!” Disse o rei ao filho: “Anote para mandarmos umas camisas para este trabalhador.” “Ó rei muito grato, eu tinha, mas dei para um amigo, pois sou feliz sem camisa”. Tornou o rei: “Gostei de você, quer morar no palácio real?”. “Vossa Majestade é muito generosa, mas não posso trocar a roça com o palácio, porque aqui eu sou feliz. Muito obrigado!” Essa história foi recontada por Ítalo Calvino.
Na mitologia grega, havia as Graças: Abigail, Eufrosina e Thalia, que eram deusas da felicidade, fartura, fecundidade, bom humor e alegria. Hesíodo denomina Cháritas a essas deusas, filhas de Zeus e de Eurynome, filha de Oceano. Acreditava-se que estavam ligadas a Afrodite e a Eros, nos recitais musicais com Apolo. Para os filósofos humanistas do século XV, essas três deusas eram: beleza, desejo e satisfação. Elas presidiam os banquetes, reuniões festivas e de alegria.
Para os romanos, e no latim, Felicitas era a deusa da sorte, a fortuna.
Entre os taoístas, Fukurokuju é o deus que proporciona felicidade, riqueza, sabedoria e longevidade.
Platão definia felicidade como atividade contínua, por toda a vida, em busca do conhecimento sublime e puro da ideia original; não como sentimento.
Aristóteles cria que a felicidade resultava da luta contínua contra o “eu” para praticar o bem; ter companheiros de moral elevada, educar os instintos, para um viver saudável; boa alimentação e exercícios físicos.” Trabalhar pelo seu sustento, sem se preocupar com o supérfluo; praticar a justiça e meditar nas verdades imutáveis. Para ele, felicidade é viver com satisfação, e em busca de aperfeiçoamento em todas as esferas da vida.
Para ele, felicidade é o objetivo final e mais alto da vida humana. Ele acreditava que a felicidade não era um estado passageiro de prazer ou alegria, mas sim um estado duradouro e completo de realização e satisfação em todas as áreas da vida.
Para Epicuro, felicidade era obter o máximo prazer e o mínimo de dor, com saúde física e mental.
Os estoicistas creem que felicidade era a “eudaimonia” (auto realização) através da virtude moral e da pacificidade.
Segundo a Bíblia, felicidade é o resultado, de uma luta contra a natureza carnal (Romanos 718-19) para assemelhar-se ao caráter de Cristo, manso e humilde; total obediência a Deus, despojando-se da ira, da maledicência, da prostituição, da impureza, da paixão, da avareza, da idolatria, e perdoar os ofensores (Colossenses 3:5-9, 13), pois, quem perdoa é mais feliz do que o seu ofensor. Esforçar-se por obedecer aos mandamentos de Deus (Salmo 128:1-2). Aqueles que almejam a felicidade, devem ter confiança inamovível no Criador, que os ama a ponto de morrer esmiuçado na cruz para salvá-los.
O Salmista nos diz: “Bem-aventurado”, isto é, feliz, “aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor seu Deus.” (Salmo 146:5)
Aludindo a Jesus, Paulo disse: “… é necessário socorrer os enfermos” … ‘Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber’. (Atos dos Apóstolos 20: 35)
O Senhor é Deus de amor. Ele mesmo veio a este mundo e deu a sua vida para resgatar da morte assim, todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.” (João 3:16). E quando voltar: “Ele verá o seu trabalho e ficará satisfeito… justificará a muitos e as iniquidades deles levará sobre si.” (Isaías 53:11). Ele nos ama e deseja que sejamos felizes!