Leondenis Vendramim

Felicidade da família e o “jeitinho” brasileiro

Lar feliz é o lugar pacífico, cheio de amor, no qual nunca há motivos para desavenças, é o lar edênico no qual jamais há enfermidades, muito menos despedidas, mortes, isto é, é utopia, pois somos habitantes de um mundo doentio, poluído, impregnado de vírus e miasmas, imoral e violento, e nós mesmos somos tendentes a esses desatinos, pelo menos até Jesus voltar. Contudo, temos a obrigação de fazer nossa família mais feliz, saudável, harmônica e a mais aprazível possível.

Para conseguir um lar melhor há de se começar com os genitores. São os exemplos para os seus filhos que deles formam seu caráter. Geralmente os filhos são a imagem moral paterna fidedigna. Ezequiel usa o provérbio: “Tal mãe, tal filha” (Ez.16:44). Os pais precisam aprimorar seu caráter, procurando ser a cada dia mais honesto, mais gentil com os filhos e com a esposa mais pacientes (não muito complacentes), mais mansidão nos relacionamentos; menos TV e mais diálogo com a família, mais alegria.

Este provérbio é para meditar: “O orgulho só produz contenda, mas os que se aconselham possuem sabedoria”. (Prov. 13:10) Ninguém é dono da verdade; não se sabe tudo, principalmente sobre relacionamentos humanos. Há muito subjetivismo em cada um. O “Eu” é obscuro para o próprio indivíduo, por essa causa os pais, e às vezes, também os filhos devem opinar. Salomão já dizia ser melhor dois do que um, se um cair o outro levanta, ao dormirem, um aquece ao outro; se alguém quiser prevalecer sobre um, os dois resistirão. O cordão de três dobras não se arrebenta facilmente. (Ecl. 4:9-13) Três dobras significam seis: marido, esposa e filhos, ou seja, os filhos podem, e devem fazer parte do conselho familiar. É útil e instrutivo para eles falar sobre as finanças do lar.

Aprenderão onde e quanto gastar e economizar, e para quê? É claro, de acordo com a maturidade de cada um.
Jamais sejam expostos aos filhos problemas e contendas entre o casal, isto é enfermiço e só traria desequilíbrio emocional a eles e aumentaria a lacuna tornando o “clima entre o casal,” às vezes insolúvel. A mansidão no debate pode harmonizar dissensões aparentemente insustentáveis. Leve-se em conta a felicidade do lar; é mais importante do que a satisfação pessoal. “Diante da honra vai a humildade”, é o conselho divino. 24

É de bom senso analisar se a causa da discussão não é o desejo de satisfazer o seu ego. A paz e a felicidade da família são prioridades. Palavras iradas e ásperas provocam dissensões, mas a mansidão acalma as tempestades. Salomão aconselha: “Respostas brandas desviam o furor, mas a palavra dura suscita ira.” (Prov. 15:1) Tiago diz: “… todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”. (1:19). Não se precipite no julgar. É útil o conselho popular: Encha a boca de água, respire, dê uma volta, analise o caso, depois responda com mansidão. Os apressados em julgar e responder estão sempre predispostos ao erro.

Os brasileiros são conhecidos como “povo do jeitinho”, o jeito malandro de se esquivar da responsabilidade e de enganar pessoas agradando-as. E isto vem desde a “colonização” pelos portugueses. Poder-se-ia utilizar essa capacidade ímpar e usar o jeitinho para “criatividade e flexibilidade” com a finalidade de resolver questiúnculas familiares de forma alegre e carinhosa. Quando por outros motivos, os filhos, percebem-se logrados passam a desconfiar dos pais e deixam de crer neles. Alguns esposos e mesmo mulheres usam do “jeitinho” para ludibriar o cônjuge, e principalmente os filhos.

O relacionamento entre marido e esposa deve ser “sim, sim, não, não” Mat. 5:37; o “jeitinho” não pode quebrar princípios envolvendo apropriação indevida de algum bem alheio, mentiras, adultérios, mesquinhez privando a família de recursos para benefícios próprios, ou, a fim de conseguir algo de quem não deseja ceder.

Ninguém deve sentir- se na obrigação de se humilhar, e sujeitar-se a fazer aquilo que achar ultrajante à sua personalidade, que lese moral, psíquica, ou fisicamente, seja no trabalho, no estudo, no relacionamento íntimo. Todos têm seu limite e não podem pela omissão, ou pelo medo, deixar de dizer não com gentileza. Todos precisam ser bondosos, mas não refém de nada nem de ninguém. Deus nos criou com identidade própria, não somos escravos, mas filhos e filhas de Deus.

“Não sacrifique a integridade no altar da popularidade e do desejo de aceitação alheia nem do medo da rejeição.” (Mirian M. Grüdtner. Meditação M. 2021, p.285.

Deus nos capacite para sermos Seus filhos.!

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