Leondenis Vendramim

Feminismo

Quem lê um mínimo já sabe alguma coisa sobre o Movimento Feminista, mas vamos a alguns esclarecimentos. Todos sabem que, regra geral, a mulher é tratada como serviçal, embora haja hoje, mais humanidade e algumas se portando como “donas da situação”.

Desde quando Eva desobedeceu a Deus comendo o fruto proibido tornando-se tentadora, a mulher tem sido apontada como sedutora culpada dos erros e pecados dos homens e da posteridade. (cada um é responsável por seus delitos; ninguém é obrigado ao adultério pelas seduções do sexo oposto). Embora Eva fosse enganada pelo Sedutor, Adão não foi (1 Tim. 2:14). Não culpe a mulher pelos seus erros.

Segundo Daniel L Vehr e Vera L. de Souza a mulher era excluída da história pelos historiadores da Idade Média. A Igreja Católica tinha as senhoras como “um mal, sinistro, duvidoso, enganador e maligno”. Dizem eles que os doutores da Escolástica foram os responsáveis por demonizar a mulher. Baseavam suas teorias em Gênesis onde relata a mulher como oriunda de um osso curvo de Adão, concluindo, portanto, ser ela um ser inferior, além de tentadora do homem, e também do adultério dos próprios padres. Ela tem um desejo abrasador pelo conhecimento do bem e do mal e leva o homem à perdição. Ele deve evitá-la para se livrar da perdição e danação eterna. Eram a causa das calamidades naturais inexplicáveis e das pestes.

A figura masculina era bem elevada, com funções de “dono, genitor e sustentador da família”, era quem possuía toda autoridade no lar; quanto a ela cabia obediência, procriar, alimentar os filhos, e administrar o lar e empregadas. Caso ela fosse infiel sofreria punição, poderia até ser queimada viva.

No Brasil colonial a esposa era culpada por gerar meninas e não varões. Era julgada como feiticeira se seu marido sofresse de infertilidade e impotência. Somente o homem podia ser infiel. Há relatos de senhores internarem esposas nos conventos para suas aventuras amorosas. Eram como propriedades quase do mesmo valor de seu cavalo predileto. Não tinham direitos políticos, e como já escrevemos, não podiam sequer falar com o marido na rua sem sua aquiescência. Mesmo depois de 1932, quando com muitas lutas conseguiram ser eleitoras e ser votadas, havia o “voto cabresto”, isto é, seus colonos, esposa e filhos tinham de votar nos candidatos dos coronéis. Nos sécs. 19 e 20 a mulher e seus filhos, até de 8 anos foram às indústrias para ajudar no orçamento da família, com um salário bem inferior aos dos homens, trabalhando em barracões insalubres por 15 horas de trabalho, sem domingos e feriados remunerados e sem férias.

Embora o Feminismo tenha tido lampejos na revolução francesa, na emancipação dos escravos negros norte-americanos, e no Brasil em algumas revoluções, foi no contexto desse cenário depreciativo delas que surgiu o Feminismo ou Movimento Feminista brasileiro.

Feminismo é o nome que se deu às lutas por aumentos salariais e melhores condições de trabalho, é a luta pela igualdade entre homens e mulheres quanto aos direitos sociais. Dionísia Gonçalves Pin (1819-1885) foi uma dessas guerreiras. Num tempo quando lhes era negado até o direito de alfabetização, lutou pela emancipação feminina, fundou a primeira escola para meninas no Brasil. Foi a primeira mulher a votar e ser votada como prefeita de Lages – RGN, graças a uma lei estadual, uma vez que a lei federal que lhes concederia o direito de voto só acontecesse em 1932, notícia que foi veiculada até pelo N.Y Time. Devido à vergonha de perder a eleição para uma mulher, seu oponente Sérvulo Pires Neto Galvão deixou a política e a cidade.

Carlota de Queirós, médica paulista de muitos feitos sociais em favor do sexo feminino e da criança, organizou uma associação de 700 mulheres para socorrer soldados feridos na Revolução de 1932. Em 1934 foi criada lei permitindo a elas participar da política; candidatou-se e conseguiu ser a primeira deputada federal no Brasil.

Falta-nos tempo para falar de muitas outras como Bertha Lutz, cientista, diplomata, advogada, embaixadora filha do grande médico e cientista brasileiro Adolfo Lutz, que se fez ouvir até na ONU, foi forte defensora dos direitos da mulher.

(Continuaremos com este tema ainda na próxima semana).

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