Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Furtos em Capivari e Cleptomania

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

Um objeto, mesmo que não tenha sido adquirido por meio de roubo,
deve ser no entanto considerado furtado se o possuímos sem dele precisarmos.
Mahatma Gandhi

Como têm sido constantes os furtos em Capivari, volto ao assunto.

Em alguns casos, o impulso de furtar objetos é considerado uma doença pela medicina; muitas pessoas desenvolvem essa dependência, uma parte delas são personalidades importantes no cenário brasileiro ou internacional.

Tempos atrás O Globo noticiou o ocorrido com Rabino, líder da comunidade judaica paulista, que foi preso nos EUA sob a suspeita de furto. Solto após pagamento de fiança. E também de atrizes famosas Lindsay Lohan e Winona Ryder.

A cleptomania é classificada pelo DMS IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Organização Mundial da Saúde) como um dos Transtornos do Controle dos Impulsos, justamente porque sua característica mais marcante é a incapacidade em resistir ao impulso de furtar, mesmo que o objeto furtado não seja útil, necessário ou de qualquer valor.

Para ser considerado um cleptomaníaco, o ato de furtar praticado por indivíduo não pode ser consequência de outro estado de adoecimento mental.

Tem tratamento a cleptomania? Essa doença é crônica, não tem cura, mas o comportamento de furtar e roubar pode ser controlado, com tratamento orientado por psicólogo ou psiquiatra.

No Brasil, novamente vemos que comportamentos como esses não se restringem às camadas mais necessitadas da sociedade, mas ocorrem também nos mais altos círculos do poder.

A Revista Veja recentemente publicou a seguinte notícia: “PF encontra cofre de Lula com joias e obras de arte. Localizado em sala em agência do Banco do Brasil, o acervo estava guardado em 23 caixas lacradas desde janeiro de 2011, e inclui crucifixo que havia desaparecido do Planalto” (https://veja.abril.com.br/politica/pf-encontra-cofre-de-lula-com-joias-e-obras-de-arte/). Retomando o que diz o Manual de Diagnóstico: “mesmo que o objeto furtado não seja necessário” (para a pessoa).

O estadista brasileiro Rui Barbosa fez um discurso muito relevante sobre o tema do furtar e do roubar; parece uma profecia do que iríamos vivenciar um dia. Diz ele: “O ladrão prostitui, com o roubo, as suas mãos. O mentiroso, com a mentira, a própria boca, a sua palavra e a sua consciência. Os antigos enxergavam no mentiroso o mais vil dos tarados morais. Depois de enumerar todas as misérias de um perdido, concluíam, quando cabia: ‘E até mente’”.

Há dois milênios, Jesus já dava a seguinte explicação para seus discípulos: o que contamina as pessoas não é o que entra pela boca, mas o que sai do coração, gerando pensamentos, palavras e ações: “Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mateus 15:18,19).

ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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Jornal O Semanário

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