Rubinho de Souza

Histórico da Igreja Matriz de Villa Raffard

Nas minhas conversas que tenho com amigos, e também assíduos leitores desta coluna do jornal O Semanário, muitos me pedem se eu teria informações sobre como se deu a construção da Igreja Matriz N. Sra. de Lourdes, para poder contar e publicar em nossa coluna.

Assim, pesquisando, como sempre no livro do saudoso amigo Silveira Rocha, e fazendo alguns contatos com os moradores mais antigos de nossa querida Rafard, poderei finalmente acrescentar alguns fatos marcantes aos que me acompanham nestas publicações, desde a doação do terreno e construção do prédio.

Em 1908, o abastado Sr. Paulino Galvão, resolve doar para a administração de Capivari, um terreno em Villa Raffard, com a condição de que, no terreno doado, se construísse uma igreja, num determinado período de tempo, sem o que, a doação não seria feita.

Aceitas as condições impostas por Paulino Galvão, foi estabelecido por ele um prazo para início e para o término das obras do referido templo. Aos olhos dos que haviam se empenhado no projeto, o prazo estabelecido parecia relativamente suficiente para ser cumprido, salvo pelo fato de o lado financeiro não se ter como prever, e que a depender do custo da obra, poderia inviabilizar o seu cumprimento.

Segundo Silveira Rocha, passado algum tempo, não obstante todo esforço empreendido pela Comissão eleita especificamente para aquele fim, parecia ser impossível cumprir o acordo no prazo estabelecido. A palavra dada nessa época, era palavra empenhada.

E, quando já havia passado boa parte do prazo, que não demoraria a expirar-se, começou-se a questionar sobre a possibilidade de alavancar a obra, visto que ela apenas se iniciara, e, paralisada, trazia inquietações não só aos membros da Comissão, mas a todos os seus responsáveis.

Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes (Foto enviada pelo colunista)

Houve até quem teve a ideia de conscientizar a população a colaborar através de doações, que foi chamada de “Campanha dos mil réis” idealizada com o fim de angariar fundos para finalizar a obra a tempo, encetada pelos membros da Comissão, preocupados em dar cumprimento ao prazo estabelecido, e assim ver a Capela pronta para o primeiro ato litúrgico.

A preocupação maior era do presidente da comissão, tendo em vista ter feito um acordo verbal com o sr. Paulino Galvão, segundo o qual, vencendo o prazo, sem que fosse realizada a primeira missa na igreja, a doação do terreno se tornaria sem efeito, pois o doador, segundo suas convicções, não queria que fosse dado outro fim que não aquele com o qual havia sonhado para o terreno.

Percebendo que o prazo dado pelo sr. Paulino Galvão, cada vez mais chegava perto de expirar-se, redobraram os esforços e muitos moradores, começaram a doar toda economia que possuía por anos guardados, com o intuito de ver a igreja pronta, e assim cumprir o prazo determinado, mas as obras pareciam não avançar.

Os franceses, proprietários da Usina, sabedores da situação, na pessoa do Sr. Maurice Allain, generosamente assumiram o término do templo, fazendo para tanto duas exigências que foram aceitas, e assim a Capela de Santo Antônio passou a denominar-se N. Sra. de Lourdes, e igualmente a rua defronte a Matriz, antes Rua Santo Antônio, passou a ser chamada de Rua N. Sra. de Lourdes.

Como podem perceber, nada se conquista sem luta e às custas de muito sacrifício, os moradores puderam comemorar, pois o prazo foi cumprido, e muito mais os membros da Comissão que colocaram à prova seus valores e princípios, tendo em vista as muitas críticas que sofreram.

Quem tiver a curiosidade de aprofundar no histórico do relatado acima, pode fazê-lo folheando o livro “Vida Social e Política de Rafard” de Silveira Rocha, ou acessar o site da Prefeitura, onde por iniciativa do amigo e membro do Grupo Rafard – Do Fundo Do Baú, o vice-prefeito Wagner Bragalda, o livro foi digitalizado e está disponível para baixar.logo do fundo do baú raffard

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