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Ilha de Pantelleria, a pérola negra do Mediterrâneo

A Itália é conhecida por seus vinhos concentrados e rústicos. O país pode ser divididos em três áreas principais: norte, região central e sul/ilhas. Cada uma com um clima distinto. No sul, abaixo de Nápoles, a grande quantidade de carne consumida no norte dá lugar a uma dieta bem mais rica em vegetais (berinjela, brócolis, abobrinha, tomates, pimentões) e queijos frescos de leite de búfala, ovelha, cabra e vaca (mussarela, provolone, pecorino e ricota). Nessas regiões cozinha-se com azeite, ajudado pelos sabores marcantes das alcaparras, azeitonas e de uma profusão de ervas frescas.

As ilhas são um caso à parte. A cozinha siciliana, com suas influências – grega, romana, árabe e espanhola. Os ingredientes são basicamente os mesmos do sul continental, acrescidos de nozes e frutas secas (usadas tanto em pratos doces como picantes), além do mel e das cascas cristalizadas, usados fartamente em patisserias e sorvetes lendários. Deixando-se de lado versões mais doces do Marsala, a Sicília oferece vinhos deliciosos para acompanhar tais iguarias – o Moscato di Pantelleria, sobretudo. Os dois famosos vinhos de sobremesa da Sicília são tão hedonista que fazem qualquer pessoa que os experimente parar e observar. O Moscato di Pantelleria é feito na ilha vulcânica de Pantelleria, entre Sicília e a Tunísia. Esse vinho é produzido de uma variedade de uva, a zibibbo (também conhecida como Muscat d’ Alexandria), que se diz ter sido levada para a ilha pelo fenícios, que dedicavam a Tanit, a deusa fenícia do amor, os vinhos produzidos com essa uva. Pantelleria também é uma ilha cercada de lendas e histórias. Acredita-se que seja ela a mítica ilha Ogigia, mencionada por Homero na “Odisseia”, onde Ulisses, encantado pela bela ninfa Calipso, permaneceu por sete anos. E os vinhos de Pantelleria são mencionados na mitologia grega. A deusa Tanit teria seduzido Apollo, aconselhada por Vênus, servindo-lhe uma taça de vinho Moscato da ilha.

Nos vinhedos banhados pelo sol de Pantelleria, as uva zibibbo não têm dificuldade para se encher de açúcar; porém, para tornar o vinho ainda mais exuberante, o açúcar é posteriormente concentrado, quando as uvas são espalhadas sobre tapetes para secarem ao sol antes da fermentação, diminuindo a concentração de água e naturalmente aumentar a concentração de açúcar. A uva não vira uma uva passa, pois esse período de apassimento não é longo, dura de uma a quatro semanas. Trazendo uma característica refrescante e aromatizada ao vinho, quase um perfume de mar. As vinhas estão espalhadas entre pequenos vilarejos. Além disso, são conduzidas e podadas em um sistema chamado “alberello”. São vinhas baixas, mais assemelhadas a arbustos, com galhos que crescem horizontalmente por aproximadamente um metro e produzem dois cachos de uvas por esporão. Por conta dessas particularidades, as uvas Zibibbo que caracterizam a ilha, foram declaradas pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.

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Sugestão: harmonização com cassata original (pão-de-ló recheado com ricota e frutas cristalizadas e chocolate).

Érica Falsirolli Franchi

Érica Falsirolli Franchi, sommelière pela Associação Brasileira de Sommeliers/ Subseção Campinas e certificada internacionalmente pelo Centro Italiano di Analisi Sensoriale – CIAS INNOVATION.

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