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Jovem portofelicense fala sobre os desafios da carreira profissional

A escolha de uma profissão para o jovem se ingressar no mercado de trabalho sempre foi uma das fases mais complexas na vida contemporânea. São conflitos obtidos com os pais, com os próprios desejos e com a demanda da sociedade onde vive.
Muitos jovens seguem as cobranças autoritárias dos pais, onde acabam cursando uma faculdade para ter uma saudável renda fixa no final do mês, porém adoecem com o anseio de viver o que sonharam e se tornam profissionais, nem sempre, frustrados.
Não é via de regra, mas a sociedade cobra o que muitas vezes não pode oferecer a estes profissionais, colocando-os numa balança de escolha dolorosa, entre um futuro promissor de reconhecimentos e uma vida de comprometimento com a própria vontade.
Quando muitos desses jovens quebram o tabu do tradicionalismo imposto por gerações que seguiram a mesma profissão, os pais não enxergam que isso é mais uma prática libertária de escolha, e sim um afronte aos costumes e moldes de uma única visão para ter sucesso na vida.
O risco existe para toda carreira, independentemente da área em que se segue, e a maior ênfase que se deve dar ao assunto é sobre o merecimento e capacidade do profissional, de como ele se porta no cargo onde está e em qual posição deseja chegar.

Profissão
Para iniciar o conjunto de matérias sobre a escolha dos jovens no mundo profissional com uma exploração mais aprofundada sobre o assunto, a equipe do Jornal O Semanário procurou alguém que estivesse seguindo as próprias ambições e se mantendo no caminho da própria vontade, optando pela área do Jornalismo.
Da Terra das Monções -portofelicense- Marcela Cortez nasceu em setembro de 1991, trazendo ao mundo o aspecto da indecisão libriana. Filha de Lenita e Neto, principais responsáveis pelos valores que carrega e carregará por toda a vida, como a formação do caráter, honestidade, respeito e amor de sobra. Lenita é professora e isso sempre ajudou Marcela com as tantas palavras difíceis que o mundo oferece.
Começou a trabalhar aos 14 anos, depois que ganhou um curso de manicure/pedicuro. A vida de Marcela foi assim até os 17 anos, quando no fim do colegial, conseguiu um emprego que lhe desse maior segurança para que pudesse continuar a estudar.
A jovem estudante então concluiu o colegial e se ingressou na faculdade para cursar Jornalismo. E foi lá mesmo onde ela conheceu inúmeras pessoas e começou a enxergar o mundo por várias facetas. Inseriu-se no mercado de trabalho como estagiária quando estava concluindo o primeiro ano do curso. No primeiro estágio trabalhou durante cerca de um ano numa revista que tratava sobre assuntos da cidade e outra específica, onde falava sobre cavalos. Depois desse estágio conseguiu outro numa assessoria de imprensa.
Marcela, que está no último ano da faculdade e ansiosa para poder exercer a profissão que escolheu em período integral, espera o término do curso para poder planejar sua vida diante de outra realidade. “Agora é a reta final que me aguarda. Um pouco de medo por não saber como será daqui para frente. Claro que nesse meio tempo várias coisas aconteceram. Um tombo aqui, outro ali e a gente aprende a ser gente grande! De tudo o que já passou, uma hora você sabe que a vida é a única coisa que temos em nós. E aquela vontade por poder fazer o que ainda não deu tempo, correndo… Por mais clichê que seja -descrever é se limitar-. E que difícil é isso, se resumir em linhas! Se você se identifica com as loucuras que o mundo possa te oferecer e ter a mente aberta, então vá. Porque nada segura aquilo que queremos ser”, concluiu a estudante.

Bate-papo
Deixando a timidez de lado e explorando mais o mundo dessa jovem, o bate-papo com Marcel mostra claramente a visão dela diante dos próprios desafios, e convida outros jovens se fortificarem diante dos possíveis problemas, mas que podem ser resolvidos com a determinação e confiança.

Jornal O Semanário – Por que você escolheu o Jornalismo?
Marcela Cortez – Sempre assisti aos telejornais quando era criança. Não prestava tanta atenção até porque um noticiário não tem conteúdo que atraia, coisa e tal… mas nesse dia era um link ao vivo com uma repórter e o cinegrafista. Eles estavam em meio a um tiroteio. Lembro-me da câmera cair ao chão e a repórter também, e a filmagem continuava. Foi uma gritaria, pessoas, realidade. Por mais bizarro que isso seja, me deixou encantada. Foi então que o meu sonho de infância se tornou ser jornalista. No colegial participei mais de atividades como redação e leitura, pensando sempre em coisas que eu levaria de lá para a faculdade.

O Semanário – Qual a área do jornalismo que você mais gosta?
Marcela – É difícil dizer uma só área. Se fosse para escolher ficaria com assuntos do cotidiano, a parte mais solidária. Gosto de histórias de pessoas que superaram coisas. Que motivam. A parte social da vida. Mas aí o rumo me mostrou outros campos que também gosto (às vezes tenho até medo de dizer, mas Moda é outra paixão e que possui um campo amplo). Mas nunca quis que esses dois temas entrassem em conflito – uma por ser totalmente importante e significativa que é ter instrumentos para ajudar as pessoas e a outra por ser capitalista e fútil, se tornando coisas bem distintas-.

O Semanário – Como você vê o mercado de trabalho?
Marcela – A profissão permite que você trabalhe entre glamour e realidade. São mil coisas diferentes, flexíveis, depende daquilo que escolher. Infelizmente, com a queda do diploma não podemos exigir melhores salários, aliás, ganhamos bem pouco. Então se você fizer a escolha de continuar vai saber que é totalmente por um bem estar ou alguma ideologia, nunca fará fortuna ou dificilmente alcançará a fama.

O Semanário – O que mais te motiva a seguir nesse caminho?
Marcela – Ideologia. Não sei, mas o jornalismo sempre é ligado com o pensamento de ‘ah, vou mudar o mundo’, e não, você não irá. Mas você descobre que pode ajudar as pessoas. Descobre que pode descobrir o mundo dentro da própria rua. O conversar com as pessoas e saber que elas existem e estão aqui por algum motivo. Ou talvez seja fé, que dentre tantas coisas ruins que acontecem, sempre haverá uma boa.

O Semanário – Dentro das possibilidades e da ética profissional, você acha que uma matéria bem redigida pode alavancar o povo contra um sistema corrupto?
Marcela – Sozinho ninguém faz revolução. Com um bom texto, embasamento, ter provas antes de dizer qualquer coisa, ser principalmente – muito principalmente – honesto, irá te ajudar. Você é um formador de opinião. Sempre terá como despertar a dúvida e de questionar. Uma hora a gente percebe que nem todas as promessas são cumpridas e nem todos os contos são de fadas. Acho que o brasileiro está tomando um rumo e opiniões quanto à política, mas ainda é falha. Isso por puro comodismo, porque brasileiro espera que o ‘outro’ apure e acredita sem questionar. Será que todo mundo mesmo é confiável, será que o que vemos na internet é real? Então isso terá importância, a veracidade é importante. E alguns se esquecem de usar a cabeça para avaliar.

O Semanário – Você já tem alguma perspectiva traçada para o seu futuro profissional?
Marcela – Já fiz planos para o que seria legal conhecer depois de formada. Viajar para fora do país e conhecer outras culturas. Acho que o único objetivo que tenho é sair da bolha de comodismo e do egoísmo para vivenciar a realidade do lugar onde moro. Conhecer o outro. Talvez isso.

O Semanário – Você acha que é perigoso ser um jornalista diante de tanta opressão política e de uma ditadura mascarada?
Marcela – A verdade é que quando você passa a ser um ‘teto de vidro’, as pessoas conhecem você, seu trabalho, sua família e toda sua rotina, elas formarão uma opinião, seja boa ou má. Quando você assume suas opiniões e luta por algo, significa não agradar a todos. E, vez ou outra, te atacarão. Se tem uma coisa que nós ainda não conhecemos é a liberdade. Em todas as possíveis formas de interpretação, somos reprimidos e forçados a viver nesse sistema. O “pensar” é que dá medo. Vejo tantos jovens classe média/alta, que acreditam mesmo que o mundo é cor de rosa e todo bonito, fácil, consumível e comprável. Gente, por favor, é nessa tal bolha que digo que vivemos! É preciso olhar o outro, olhar fora. É a esse tipo de opressão que estamos sujeitos. Entende?

O Semanário – O que você tem a dizer para quem quer estudar jornalismo?
Marcela – Que é preciso ter boa vontade e sempre, mas sempre mesmo, fé! Qual é o tipo de pessoa que queremos ser: a que busca só status ou a que realmente tem vontade de ser diferente?

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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