Opinião

Logo chegaremos a uma conclusão, quem é o culpado?

Vamos as caças.

Antes de dar início ao processo acusatório torna-se imprescindível considerar as eliminações, embora, cada um deve pegar o kit no final da festa. Descarta-se o prefeito, peça importante, mas considerado os laços das agremiações que geralmente o acorrenta torna-se quase irrisório a sua participação. Quanto ao governador não se espera muito, visto o tempo que sua honrosa sigla segue no comando cativando o incrível. E o presidente?

Segue alimentando as enxurradas agressões contra sensatez. Nem médicos, nem ministros, nem esse, nem aquele, estamos perdidos com as pedras nas mãos esperando o culpado.

Consagra-se a imaginação. Onde estão seus acusadores? Foram embora. Tampouco eu te condeno – e agora o choque – não peques mais.

A dimensão do significado da graça ultrapassa o conceito religioso, onde a existência do erro perpetua a ignorância fazendo-se presente o não quero e não vejo, armas da imbecilidade. A cena é clássica e diante de todos apresentava-se o espetáculo, mas ninguém se atentou para o que realmente estava acontecendo. Um ambiente recheado da hipocrisia sacerdotal, deprimentes religiosos com seus olhares aguçados pelo rancor que atentamente observa os movimentos hereges que alimentam seus pensamentos – apedrejem.

O farelo religioso que embarca no sistema político é discursivo, um verdadeiro sacerdócio mandatário de cunho egoísta articulado ao pecado, que se arranja nas bases do mecanismo de controle tão eficiente quanto ao medo do porvir. Dá-lhe festa ao farisaísmo, limpos por fora e podres por dentro.

Culpados, sim.

Chegamos até aqui e agora vem sobre nós a responsabilidade de entender que estamos perdidos e somos culpados. Como chegamos até aqui? Basta um pequeno resgate histórico da calamidade exposta e descrita como injustiça social, desigualdade, consumismo exacerbado, desperdício e tantas outras façanhas que somos capazes de criar. Nossa arrogância é capaz de produzir tantos feitos quanto a nossa capacidade de pensar em tudo e em nada ao mesmo tempo – ridículo.

Acostumados com a indiferença, pobreza, fome, miséria, violência contra mulheres e crianças, intolerantes as diferenças, torna-se vergonhosa a posição de Homo Sapiens, estamos completamente descontrolados. Presos na ignorância e acorrentados no achismo vil e punidor. Ai daquele que se arrisca a liberdade, pois nossa prisão tem se tornado um lugar seguro, e o que deveria nos assustar tem se tornado motivo de orgulho, defendido pelo cercadinho Fake.

Contabilizado o saldo, a fatura continua em aberto. O pagamento mínimo são vidas precocemente ceifadas do cenário social, tratadas como estatísticas.

Como diria alguns amigos, a cura surge na tomada da consciência e decisões que devem ser consideradas para que ocorram mudanças, portanto, é hora de olhar para dentro, reconhecer que o conceito da graça se sobrepõe aos olhares raivosos e questionadores – e tu o que dizes? (pede para atirarmos as pedras).

Não podemos ignorar a tão bem-vinda voz da compaixão – “atire quem em nenhum momento se viu como culpado” – na justificativa dos erros se apela aos ritos, a demagogia, a divindade hipócrita transvestida do falso moral religioso que apregoa o último recurso – vale jejum. O saldo é negativo. A resolução era tão simples, bastava um olhar questionador. Mas a inquisição estava montada e no palco apresentava-se o drama, se não tem culpado é preciso alguém para dizer que a culpa não é sua. Necessariamente deveria ser resolutivo, mas infelizmente trata-se de um discurso que agrada aos ouvidos. Sabe o que resolve? Seja uma pessoa melhor, se posicione diante da injustiça e da desigualdade social, aprenda a ser humano e amar o próximo como alguém de direitos, reconheça suas limitações e imperfeições e entenda que todos erramos em algum momento. No entanto, é valido o registro quando se aprende a ser melhor não como recurso de pretexto religioso fundamentalista transmitindo um falso moralismo.

O mundo está assim porque os homens estão assim, isso inclui você. Somos culpados sim, e dizer o contrário não nos colocará numa posição melhor.

Temos uma fatura em aberto, estamos pagando parcelado e os juros continuam aumentando.

Plantamos e vamos colher.

rafael-carneiro-psicólogo-colunistaRafael Carneiro, Psicólogo CRP 06/119422

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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