Opinião

Meireles, o pintor brasileiríssimo

11/03/2016

Meireles, o pintor brasileiríssimo

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | O Brasil produziu muitos pintores renomados, e ainda produz. Podemos citar, entre os numerosos e famosos brasileiros: Alfredo Volpi, Alcides Cruz, Alcy Xavier, Almeida Júnior, Di Cavalcanti, Pedro Américo, Pedro Alexandrino, a nossa conterrânea Tarcila do Amaral, Dora Parente, Iberê Camargo, Cildo Meireles que ganhou prêmio na Espanha e em Londres em suas exposições recentes (2008-2009). Vamos destacar o nome de Vitor Meireles de Lima.
Vitor Meireles nasceu na ilha catarinense, na belíssima cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina. Filho do português Antônio Meireles de Lima e da brasileira Maria Conceição dos Prazeres. Num lar modesto, no aprazado dia 18 de agosto de 1832, veio à luz o pequenino Vitor, o grande pintor, “o maior e mais brasileiro” dentre os pintores no dizer de um biógrafo.
Iniciou seus estudos com o engenheiro argentino Marciano Moreno, um exilado político, no findar de 1838. Com Marciano estudou desenho geométrico. Desde a tenra idade mostrava seu pendor para a arte da pintura. Ainda nos bancos escolares do curso básico o menino desenhava caricaturas em plena aula. Aos 15 anos fez uma tela à aquarela que o imortalizou, a paisagem da Ilha de Santa Catarina. Teve a felicidade de encontrar o general Jerônimo Francisco Coelho e o Senador José da Silva Mafra, que reconhecendo seus dotes custearam seus estudos, enviando-o em 1847 ao Rio de Janeiro para a Academia Imperial de Belas Artes, onde dois anos depois, iniciou o curso de pintura histórica. Já em 1852 ganhou do governo de D. Pedro 2°, uma viagem para a Itália, um prêmio por sua tela “São João no Cárcere”. Lá, frequentou aulas de Tommaso Minardi e de Nicola Consoni. Meireles granjeou um amigo, mais que amigo, um protetor e conselheiro chamado Manuel de Araújo. Araújo conseguiu que o governo concedesse mais 3 anos de estudos na Europa e aconselhou Meireles a mudar para Paris, a então reconhecida capital mundial da cultura e da arte. Em 1857 estudou na École Superiéure des Beuax Arts, estudando com Leon Cogniet e Andrea Gastaldi, todos renomados professores. Voltando ao Brasil, foi nomeado professor de pintura histórica na Academia onde estudara, no Rio de Janeiro.
Talvez a mais famosa tela do pintor Vitor Meireles seja “A Primeira Missa no Brasil”, elaborada em Paris. Lá exposta, ganhou a medalha de ouro em 1861, e foi admirada pelos melhores pintores europeus da época. Entre os anos de 1869 e 1872 executou duas grandes telas: “Passagem do Humaitá” e “Batalha do Riachuelo”, este último, exposto na Filadélfia. Como o quadro achava-se estragado pela umidade do navio, o Ministro Afonso Celso pediu a Meireles que o reproduzisse em 1879. Neste mesmo ano participou da Exposição Geral de Belas Artes com o quadro “A Batalha de Guararapes”, cujo esboço foi pintado em pleno campo de guerra. À partir de 1886 passou a se dedicar à execução de panoramas. Entre eles destacam-se: “O Panorama da Cidade do Rio de Janeiro” feito na Béllgica, juntamente com Henri Lanngerock (1830-1915) e “Entrada da Esquadra Legal no Porto do Rio de Janeiro Em 1894”, produzida nesse mesmo ano.
Com a proclamação da República (15/11/1889), inimigos seus conseguiram destitui-lo do magistério da academia juntamente com seu colega, o grande Pedro Américo – o pretexto era renovar o quadro de professores, embora tivesse menos de 60 anos de idade – empobrecido passou a viver num barracão onde expunha seus quadros; cobrava 1 cruzeiro por pessoa com o que sobrevivia parcamente.
Vitor Meireles produziu muitas outras telas que se tornaram célebres: “Os Primeiros desterrados”, “Panorama da Bahia”, Juramento da Princesa Isabel” e outros.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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