Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Meu amigo advogado recaiu…

Parar de fumar, é fácil. Eu parei mais de cem vezes. Mark Twain (escritor, humorista e romancista norte-americano)

Influenciado pela esposa que era simpatizante do espiritismo, meu amigo passou a frequentar a religião, também.

Pessoa de boa vontade que se dispunha a colaborar com o trabalho social que os amigos do Centro desenvolviam e, ainda, envolvia os amigos e conseguia recursos sempre que as necessidades apertavam na instituição de amparo à criança.

Dedicado à leitura e práticas espíritas, começou a escrever mensagens e poemas, sendo convidado a trabalhar com suas energias físicas e espirituais no trabalho de cura, sendo alertado que deveria deixar de fumar.

E com sacrifício assim fez, inclusive fazendo uso da bala doce para superar os gatilhos do cigarro. Como tinha uma situação financeira estável, preferiu trabalhar nos negócios da família do que exercer sua profissão acadêmica.

Algumas vezes nos encontrávamos e conversávamos sobre novos livros e as informações da espiritualidade e, inclusive, sobre o sono e a saída do espírito do corpo quando este adormecia. E ele me contava: “Já faz anos que não fumo e é incrível que sonho que estou fumando e gosto das tragadas. Quando acordo eu penso: se já deixei de fumar, como ainda sonho com isso?”

Coisa interessante do dependente químico que se repete com outros indivíduos – o doutor Dráuzio Varella comenta a mesma fissura que sofre do vício, quando dorme: “Apesar de toda a motivação pessoal, se quiser ser honesto, devo confessar que ainda sonho com o cigarro. Parece que meu caso não é único. Muitos ex-fumantes (o correto é fumante em recuperação) relatam sonho idêntico”.

No estudo e acompanhamento terapêutico que realizamos, notamos que, no processo de recuperação da dependência química, após um determinado período em abstinência, seja de tabaco, álcool ou outras drogas, o adicto (escravo do vício) pode vir a recair – a recaída acontece quando ele volta a consumir as substâncias causadoras de sua dependência na fase de recuperação.

Visitei meu amigo recentemente e notei que em seu escritório tinha um cheiro diferente. Olhando no cesto de lixo, “bituca” de cigarro (muito natural, no atendimento aos espíritos que deixaram o corpo, mas não o vício, eles pedirem: “Tem uma bituca aí? Tô com uma vontade enorme de fumar”).

Conversando, com o bacharel ele me disse que depois de quinze anos voltou ao cigarro: “Agora são poucos, 3 ou 4 cigarros por dia. Um dia vou morrer mesmo, que é que tem?”.

O processo de recaída não se refere somente à retomada do consumo da droga de preferência, mas também pode estar associada a diversos fatores, como os emocionais, o desligamento de sua fé e da prática de sua crença, a baixa autoestima que advém disso…

E o danado é que não existe droga segura, todas vão causar danos, a curto ou a longo prazo, aqui na Terra, no Além, ou numa próxima viagem reencarnatória num novo corpo físico.

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