Rubinho de Souza

Minha infância

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Quando eu era apenas um moleque com meus 10 anos de idade, minha família morava no bairro dos Padovani, onde meu pai trabalhava de barbeiro, e meus irmãos Cilas e Elias trabalhavam de cortar cana, meu irmão Gérson era sapateiro, minha irmã Lídia trabalhava na casa da família Capellari, para “Belinha”, e minha irmã Elidamares estudava e nas horas vagas, a gente ajudava cuidar da horta do meu pai.

Eram dias de muito trabalho e pouco dinheiro, e nesse tempo de dificuldades, meu pai e também os pais dos meus amigos não tinham condições de comprar brinquedos para os filhos na época de final de ano, quando os filhos dos operários da Usina, todos ganhavam presentes.

Eu e meus amigos, se quiséssemos ter com o que brincar, nós tínhamos que “fabricar” os nossos próprios brinquedos, que eram feitos de lata de leite “Ninho”, de lata quadrada de óleo “Salada”, de madeira com rodas de carretéis, ou ainda com um carretel, um pedaço de vela, um palito e um elástico, a gente fazia um brinquedo de “dar corda”.

Mas a sensação “daquele tempo” ficava mesmo por conta dos “carrinhos de rolimã” que os meninos mais velhos e mais espertos, fabricavam, e era nosso brinquedo preferido.

Lembro que a gente ia no barracão, onde Mau Moreira tinha uma oficina mecânica, que ficava perto da casa de Gabi, e lá chegando a gente pedia ao Mau se podia procurar “rolimãs” que eram peças descartadas dos caminhões que ele consertava.

Diante de sua autorização, eu e meus colegas procurávamos sempre uma maior para colocar na frente onde ia a direção do carrinho, e duas menores, na parte traseira.

Em seguida, era a hora de achar uma tábua adequada para cortar a prancha para dar forma ao nosso carro, ainda conseguir um pedaço de caibro para o eixo, e um pedaço menor de madeira para fazer o “guidão” .

E lá íamos nós montar o nosso brinquedo como se estivesse montando um carro de F1, e o trabalho era tão bem feito, que até freio com sapata de pedaço de chinelo havaiana tinha no brinquedo.

Depois de pronto, a gente ia até parte da rua Duque de Caxias que tinha sido asfaltada recentemente, pois era o melhor lugar para que o carrinho ganhasse mais velocidade, sem se importar com o risco de ser atropelado, e descia com muita velocidade, e como o freio era numa das rodas traseira, uma frenada, e uma virada no guidão, e o carrinho dava um “cavalo de pau”.

Mas não pensem que era só alegria, nosso terror, era um Comissário de menores da cidade de Capivari, que vinha com uma Veraneio azul, e parava a perua no meio da rua, abria a tampa do porta malas e jogava todos os carrinhos dentro, e depois, muito bravo, fechava a porta com força e saia acelerando em direção à Capivari, levando nossos carros…

Quem nos salvava, de não ficar sem ganhar brinquedos nos finais de anos, era o casal Genaro Vigoritto e Dona Benedita, que chamavam todas crianças, cujos pais não podiam comprar presentes para seus filhos, e com várias caixas cheias de brinquedos, na Praça da Bandeira (foto), presenteavam a criançada tornando aqueles nossos dias mais alegres.

Diante de tudo isso que vivenciamos, impossível esquecer dessas pessoas, que tornaram nossa infância inesquecivelmente melhor e mais feliz.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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