Quando canta o sabiá, sabemos que o inverno foi embora e está chegando a primavera. Coisas da natureza. Sabedoria. Orquestração. Harmonia. O homem do campo acostumado a observar a natureza, sabe das coisas: se vem chuva, se o sol vai continuar, se é hora de plantar ou de colher. Hoje, a definição homem do campo não nos diz muita coisa, devido o grande alargamento do relacionamento com a cidade. O homem do campo está na cidade. O homem da cidade está no campo.
O interessante é que o sabiá se faz alheio a essa realidade existente e presente. Continua cantando no fim do inverno e no início da primavera. Será que não temos o que aprender? A natureza que não pega o ritmo do modernismo e nem do pós-modernismo nos ensina a saber o tempo. Nos ensina a apreender dela. Apreender significa: acolher, guardar, viver. Quando o homem se relaciona com a natureza se desenvolve. Cresce. Amadurece. Talvez estejamos precisando hoje da natureza do sabiá ou da experiência do homem do campo.
Saber cantar na hora certa, ter paciência, esperar a hora. Nem antes nem depois. Talvez precisemos aprender da experiência do homem do campo que outrora sentava-se na porta da sala de sua casa e cantava as modinhas de viola. Agora tem outros afazeres: assenta-se diante de uma caixa grande, iluminada e cheia de imagens. Antes cantava, agora se cala. O sabiá continua cantando.
As Missões que estão acontecendo em Rafard, atingindo as comunidades e famílias católicas nos convidam ao “silêncio” para entrarmos em sintonia com Deus, no mundo barulhento de hoje. O “silêncio” nos convida a juntar nossas vozes em orações e cânticos benditos junto da comunidade. Esta é a hora de cantar como o sabiá. Esta é a hora de se unir como irmãos, em fraternidade, na comunidade. Conhecer o tempo como o homem do campo. Essa é a hora da missão. Espero pelo menos um gesto de gratidão do seu coração, nos diz Deus.
