Geral

Missões, uma experiência no Amazonas

Padre Antonio Carlos D'Elboux

O mês de outubro é dedicado pela Igreja para rezarmos e apoiarmos as Missões dentro e fora de nossos templos. Durante este mês somos convidados com insistência para assumir a missão recebida no Batismo: Anunciar e testemunhar Jesus Cristo. O Santo Padre o Papa Francisco está convidando a todos nós católicos para sairmos às ruas e comunicarmos Jesus Cristo às pessoas. Milhões de pessoas ainda não ouviram falar de Jesus Cristo, o Filho de Deus que veio ao mundo para nos salvar. Desde maio de 2003 nossos Bispos criaram a Comissão Episcopal para a Amazônia para sensibilizar-nos, colaborarmos e aprofundarmos a consciência de anunciarmos Jesus realidade amazônica.
Por opção, fui para o Amazonas no Projeto Missionário da CNBB Sul 1 e Norte 1, colocando-me por três anos à disposição onde os Bispos determinassem, pois fui servir os mais necessitados. Fui ser pároco de duas paróquias ao mesmo tempo: Paróquia São Vicente de Paulo, no Bairro Compensa III e com sete comunidades, e Paróquia Nossa Senhora Mãe da Misericórdia, no Bairro Compensa II e com treze comunidades. As duas paróquias tinham mais ou menos 100 mil habitantes e não tinham Igreja Matriz. O padre é que deveria atender as comunidades em rodízio e quase todas tinham diretoria e ministros da Eucaristia, da Palavra e do Batismo e Catequistas.
Procurei conhecer cada vez mais as pessoas das comunidades, visitando-as em suas casas e marcando presença nos acontecimentos locais. Os grandes problemas que se fizeram presentes naqueles anos foram a violência, que destrói a paz, a justiça e o bom entendimento entre as pessoas do bairro; a gravidez precoce e o aborto, que se faziam presentes entre menores; as drogas, que na aparência de bem-estar estavam corrompendo os adolescentes e jovens; a sujeira nas ruas, nas moradias e também nos rios e córregos; o fechamento de alguns comunitários sobre si mesmos ou suas próprias comunidades, isolando-se ou não participando na vida paroquial.
Esforcei-me para oferecer formação, levando padres, catequistas e especialistas para nos ajudar. Nunca trabalhei tanto quanto naquele primeiro ano. Ademais também as Capelas, em sua maioria, estavam sujas, necessitando de pintura e um bom trato. Conscientizei as pessoas para limparmos as capelas e darmos uma melhor acolhida para os Comunitários, que deveriam sentir-se bem dentro de nossas estruturas. Tive boa ajuda de amigos e parentes e também os Jesuítas, que foram por quase vinte e cinco anos os responsáveis das duas Paróquias, deixaram na conta da Arquidiocese uma boa quantia recebida de uma empresa holandesa para aplicar nas melhorias do Salão Paroquial.
Depois de um ano, fiquei somente com a Paróquia N. Sra. Mãe da Misericórdia e tive a ajuda de dois diáconos permanentes. Organizamos Missões Populares nas treze comunidades. Éramos um grupo de mais ou menos 35 Missionários das várias comunidades que visitávamos as famílias, lendo um trecho da Bíblia, conversando com elas sobre suas situações e convidando-as para participarem da comunidade. Começamos a fazer as festas dos padroeiros e a reformar as capelas, colocando ar condicionado em várias delas, já que o calor lá é bastante forte. Em uma das assembleias paroquiais criamos dentro da paróquia duas regiões, uma com sete comunidades e outra com seis comunidades.
O período na periferia de Manaus mostrou que precisamos evangelizar não somente nos templos e nas casas, mas atingindo o coração das pessoas e possibilitando a mudança de vida, ajudando-as a se engajarem na vida comunitária. Insisti em mostrar que deveríamos trabalhar unidos, pois sozinhos somos fracos e unidos somos fortes. Em 28 de dezembro de 2010 terminei a missão na Arquidiocese de Manaus e retornei para a Diocese de Piracicaba, assumindo esta Paróquia N. Sra. de Lourdes, aqui em Rafard. Nas Missões mais somos ajudados que ajudamos. Tenho saudades daquele povo bom e acolhedor e continuo colaborando com eles na oração e no auxílio em alguns projetos.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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