Opinião

Mortalidade ou Imortalidade da Alma 9

06/10/2015

Mortalidade ou Imortalidade da Alma 9

Artigo | Por Leondenis Vendramim
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

Vimos nestes oito artigos que a teoria filosófica da imortalidade da alma é consequente de se aceitar que o ser humano possui corpo e alma, ou espírito, que tal pensamento veio da filosofia hindu, via grega, passando pelos teólogos Santo Agostinho, Tomás de Aquino e outros escolásticos. Tal teoria é contrastante à Palavra de Deus, cuja afirmativa é que o homem, como os animais, é uma alma viva (Gn 2:7; Ecl 3:18-21; 9:6,10), porém é mortal (Ez 18:4,20; Ecl 3:19-20; Ml 4:3). Hoje vamos mostrar o que dizem renomados teólogos e cientistas sobre a mortalidade.

Justino, Mártir, século 2, contemporâneo do apóstolo João, educado no helenismo, dava o mais alto valor à ressurreição do corpo. Ele ensinou a ressurreição dos justos e defendeu uma segunda ressurreição dos maus, mil anos após a primeira. Ele testemunhou: “…houve um homem entre nós, cujo nome era João, um dos apóstolos de Cristo, que profetizava, por uma revelação dada a ele, que aqueles que criam em nosso Cristo viveriam 1000 anos em Jerusalém, e que depois haveria uma breve ressurreição e julgamento de todos os homens”, “Diálogo com Trifo”. Cap 80,p 239.

Michael Servetus, proeminente escritor do século 16, e advogado católico, educado pelos dominicanos, cria na ressurreição, na alma mortal e que a teoria da imortalidade negava a graça de Cristo.

Le Roy Edwin Froom, destacado teólogo e editor da grande obra “Prophetic Faith” e outras escreveu: “Nada há na Bíblia, na concepção grega, que o homem seja composto por duas partes distintas separáveis: o corpo mortal e a alma imortal. É, portanto, impossível encontrar no V.T. que a vida eterna seja baseada na imortalidade inerente da alma, mas sim na ressurreição e ressurgimento dos mortos como de um sono (Jó 7:21, 14:12 Dn 12:2), de completa inconsciência (Jó 3:17-19; Ecl 9:5-6). P. Faith, 184.

Oscar Cullmann (1902-1999), grande teólogo francês, professor de grego e latim, erudito do Novo Testamento e história da Igreja primitiva, lecionou em Basiléia, foi um observador oficial do concílio Vaticano II (1962-1965), escreveu entre outras, a obra “Immortalité de l’ame ou Résurrection des morts?”, no qual defendeu arduamente a ressurreição dos mortos e negou, à luz das Escrituras, a imortalidade da alma. Ele citou escritores, e artistas em sua defesa. Escreveu:

Neste estudo eu farei referência mais de uma vez à obra de Grünewald, pintor alemão renascentista, no altar do Convento de Isenheim. Foi a ressurreição do corpo que ele retratou, não a alma imortal. Da mesma forma, outro artista, Johann Sebastian Bach, possibilitou que ouçamos, no Credo da Missa em B Menor, a interpretação musical das palavras deste antigo credo, que reproduz fielmente a fé do Novo Testamento na ressurreição de Cristo e na nossa própria. A alegre canção deste grande compositor destina-se a expressar, não a imortalidade da alma, e sim o evento da “resurrectionem mortuorum et vitam venturi saeculi” (ressurreição dos mortos e vida eterna depois). E Handel, na última parte do Messias, dá-nos alguma indicação do que Paulo entendia pelo sono daqueles que descansam em Cristo, e também, no cântico de vitória, da esperança que Paulo tinha na ressurreição final, quando ‘a última trombeta soará e nós seremos transformados’.

No credo católico diz-se: “… creio no Espírito Santo, na Santa Igreja, e na ressurreição da carne”. Poder-se-ia citar inúmeros teólogos e filósofos, como o judeu Maimônides, que creu e defendeu a ressurreição e não a imortalidade da alma, porém, quero terminar com o apóstolo Paulo, que se assegurava na bendita esperança da ressurreição. “Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada à trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro”. Os ressuscitados surgirão imortais, perfeitos, sadios, à imagem e semelhança de Cristo. Vale à pena ter essa esperança!

Quer compartilhemos dessa esperança, quer não, pelo menos temos de admitir, que neste caso, os artistas têm mostrado serem melhores expositores da Bíblia.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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