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Movimento LGBTQIA+ repudia fala de vereadores e protesta em frente à Câmara de Capivari

Ação foi motivada por declarações contrárias às palestras sobre o tema em escolas do município; vereadores se desculparam publicamente

Na última segunda-feira, 28 de junho, Dia Nacional da Luta pelos Direitos LGBTQIA+, um ato de protesto aconteceu em frente à Câmara de Capivari, momentos antes do início da sessão ordinária.

Membros do movimento LGBTQIA+ de Capivari e Rafard, e também professores, pais, alunos e apoiadores da causa fizeram uma manifestação pacífica, com cartazes, faixas e dizeres que pediam mais respeito e menos homofobia às pessoas que são lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgênero, queer, intersexuais, assexuais e mais.

O protesto foi motivado depois que membros e apoiadores da causa consideraram homofóbicas e preconceituosas, as declarações dos vereadores Nelson Soares, Vinicius Scarso e José Eduardo de Campos Pacheco. Durante o uso da tribuna livre na sessão do dia 22 de junho, eles se posicionaram contrários à uma palestra sobre Diversidade Sexual e de Gênero que aconteceu na escola municipal Laura Quagliato, em Capivari.

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Manifestantes se posicionaram em frente ao prédio do Legislativo e exibiram faixas e cartazes pedindo respeito e aceitação das diferenças (Fotos enviadas pelo leitor)

Antes do início da sessão, na segunda-feira (28), o presidente do Legislativo, vereador José Eduardo Bombonatti (Dú), recebeu membros do movimento LGBTQIA+, que solicitaram a leitura de um manifesto de repúdio aos três vereadores. A carta também foi assinada pela equipe escolar das escolas municipais Laura Quagliato e professor Augusto Castanho, que também realizou atividades sobre o tema.

O documento foi lido na Tribuna Livre, pelo vereador e professor Denilton Rocha dos Santos. No conteúdo, a equipe escolar esclareceu a motivação da palestra, salientando que a atividade visa promover a construção de um ambiente escolar mais inclusivo, respeitoso e empático.

Durante o manifesto em frente ao prédio do Poder Legislativo, os vereadores Vinicius Scarso e José Eduardo Pacheco se dirigiram até as pessoas que estavam protestando e pediram desculpas publicamente, afirmando que foram mal interpretados em suas opiniões. Eles também usaram a tribuna livre para reforçar as desculpas a todas as pessoas que se sentiram ofendidas com seus pronunciamentos.

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Manifestantes se posicionaram em frente ao prédio do Legislativo e exibiram faixas e cartazes pedindo respeito e aceitação das diferenças (Fotos enviadas pelo leitor)

Já o vereador Nelson Soares, preferiu não se dirigir aos participantes da manifestação. Em tribuna, ele afirmou que mantém sua opinião contrária à atividade, mas pediu desculpas para os que se sentiram ofendidos com sua fala.

Os três vereadores afirmaram em tribuna, que expressaram suas opiniões pessoais sobre a palestra, mas que isso não representa discriminação quanto à orientação sexual do Movimento LGBTQIA+.

Repercussão

Na segunda-feira, 21 de junho, às 15h, a escola municipal Laura Quagliato Pacheco, por intermédio do professor de História, Gabriel Rocha, e da equipe da Gestão Pedagógica Escolar, promoveu, via plataforma Google Meet, a palestra Diversidade Sexual e de Gênero no Contexto Escolar.

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Manifestantes se posicionaram em frente ao prédio do Legislativo e exibiram faixas e cartazes pedindo respeito e aceitação das diferenças (Fotos enviadas pelo leitor)

Segundo os organizadores, a palestra foi uma das atividades da semana interdisciplinar, com foco na conscientização dos alunos e professores durante o mês do Orgulho LGBTQIA+. Foram convidados a participar, alunos do Ensino Fundamental II. A atividade chegou a 103 visualizações.

“Tivemos a participação de alunos e professores, e abordamos o tema com responsabilidade, e o objetivo foi despertar a reflexão sobre a importância do respeito pelas minorias, no que se refere a sexualidade ou gênero. Todo conteúdo da atividade teve a aprovação da direção escolar”, explica o professor Gabriel Rocha.

No mesmo dia, à noite, durante o uso da Tribuna Livre, na Sessão do Legislativo, ao final de sua fala, o vereador Nelson Soares declarou que foi procurado por pais de alunos da escola Laura Quagliato, que discordavam da iniciativa, e ele próprio também afirmou ser contrário à discussão do tema dentro das escolas. Para os organizadores da palestra e membros do movimento, as declarações do vereador tiveram caráter preconceituoso e discriminatório ao grupo LGBTQIA+.

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Manifestantes se posicionaram em frente ao prédio do Legislativo e exibiram faixas e cartazes pedindo respeito e aceitação das diferenças (Fotos enviadas pelo leitor)

“Isso, [a palestra] trouxe uma revolta para muitas famílias, não somente para as evangélicas. Isso tem causado insatisfação para muitas pessoas e líderes pastores também nos procuraram. Nós iremos batalhar contra este tipo de prática no nosso município”, afirmou Nelson, em tribuna.

Quando ainda falava sobre o assunto, o vereador Vinicius Scarso pediu a parte e também se manifestou contrário à palestra.

“É um tema que divide muitas opiniões e não deve ser abordado dentro das escolas”, opinou.

Logo em seguida, também concordou com a posição de Nelson e Vinicius, o vereador José Eduardo de Campos Pacheco, que afirmou: “Não vejo a necessidade de ser levado um assunto desse para dentro da sala de aula, existem outros temas a serem levados para a sala de aula”.

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Manifestantes se posicionaram em frente ao prédio do Legislativo e exibiram faixas e cartazes pedindo respeito e aceitação das diferenças (Fotos enviadas pelo leitor)

Após o pronunciamento dos três vereadores, uma onda de comentários e protestos começou a crescer nas redes sociais. Uma petição, iniciada pelo professor Gabriel Rocha, foi criada e divulgadas nas redes sociais, pedindo a retratação pública pelos ataques à palestra escolar. Até a manhã de quinta-feira (1), o documento havia colhido a assinatura de 1.382 pessoas.

Além da petição online, os atos seguiram com o protesto e a carta de repúdio endereçada à Câmara Municipal de Vereadores.

Os vereadores Nelson Soares, Vinicius Scarso e José Eduardo de Campos Pacheco foram procurados pela reportagem d’O Semanário para falar sobre a polêmica, mas não quiseram se manifestar.

Ivanete Cardoso

Jornalista - MTB 57.303

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