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Nilce, uma mãe para muitas vidas: o amor que acolhe e transforma no Teto & Afeto

Nilce já acolheu dez crianças em situação de vulnerabilidade pelo Teto & Afeto - Família Acolhedora, que atua em Capivari e região

Em vez de aumentar apenas o número de filhos, ela ampliou os laços do coração. Neste Dia das Mães, a história de Nilce revela o poder do amor que acolhe, cura e transforma — não só a vida de crianças em situação de risco, mas também de quem escolhe ser família mesmo sem laços de sangue.

No sábado, 3 de maio, conhecemos uma história que representa o verdadeiro significado da maternidade: o cuidado incondicional. Nilce Donizete da Silva Doriguello, 51 anos, casada com Givanildo José Doriguello, 52 anos, moradora de Capivari, é mãe de duas filhas, avó de três netos e acolhedora por vocação. Desde 2018, integra o serviço de acolhimento familiar Teto & Afeto – Família Acolhedora, iniciativa que transforma lares em refúgios temporários para crianças e adolescentes vítimas de maus-tratos, negligência, abusos, abandono e outras violações de direitos.

No momento da entrevista, Nilce cuidava de um bebê de apenas um mês de vida, já há 23 dias em sua casa — o décimo acolhido pela família. “Quando a criança vai embora, um pedacinho do nosso coração vai junto, mas fica o sentimento de dever cumprido. A gente entra na vida dela para oferecer amor quando ela mais precisa, e isso nos fortalece”, relata emocionada.

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Amor que acolhe e transforma (Foto: Túlio Darros/O Semanário)
Amor que acolhe e transforma (Foto: Túlio Darros/O Semanário)

A trajetória com o Teto & Afeto começou a partir de uma publicação nas redes sociais. “Vi a propaganda no Facebook. Sempre fui apaixonada por crianças, mas pensei: como vou cuidar se trabalho fora? A moça me perguntou: ‘Se fosse o seu filho, o que você faria?’. Aquilo mexeu comigo. Eu já tinha duas filhas, já passei por isso. E o que faria por elas, posso fazer por outras crianças também”, conta Nilce.

No início, o marido ficou apreensivo, mas logo abraçou a missão após a capacitação oferecida pelo Teto & Afeto. Juntos, se tornaram uma das dezenas de famílias acolhedoras cadastradas e acompanhadas pelo serviço, que oferece formação, suporte e acompanhamento técnico permanente. E engana-se quem pensa que é necessário ser casado: solteiros também podem participar, desde que estejam dispostos a oferecer amor, estabilidade e presença constante.

O diferencial do acolhimento familiar está na convivência afetiva e no vínculo construído no dia a dia. Diferente das instituições, onde há revezamento de cuidadores, a criança acolhida vive em um ambiente familiar, com rotinas, referências e afeto contínuo. “A gente dá amor de mãe, amor de avó. Essas crianças vêm de histórias muito duras. E quando a gente conhece os traumas que elas carregam, a gente só quer fazer diferente, quer ser o colo que elas não tiveram.”

Nilce carregando bebê acolhido e seu marido Givanildo (Foto: Túlio Darros)
Nilce carregando bebê acolhido e seu marido Givanildo (Foto: Túlio Darros)

Uma das histórias que mais marcaram Nilce foi a de um bebê cuja mãe estava internada para recuperação logo após o parto. Durante o período de acolhimento, a família fazia chamadas de vídeo com a mãe. “No dia da entrega, o bebê reconheceu a voz dela e se jogou nos braços. A mãe ficou tão grata que nos convidou para sermos padrinhos. Entramos na vida daquela criança e também da mãe, oferecendo apoio quando ela mais precisava.”

Neste Dia das Mães, a história de Nilce representa tantas outras mulheres que, com coragem e empatia, ampliam os limites do coração. Ser mãe, como ela mostra, é estar presente nos momentos mais vulneráveis da vida do outro. É oferecer cuidado, afeto e estrutura, mesmo sabendo que, em algum momento, será preciso deixar ir. Com o suporte do Teto & Afeto, Nilce e outras famílias seguem fazendo a diferença, um acolhimento de cada vez. Porque o amor, quando é verdadeiro, nunca se perde — ele floresce onde há espaço para recomeçar.

O papel do Teto & Afeto

O Teto & Afeto – Família Acolhedora é um serviço regionalizado que atende os municípios de Capivari, Rafard, Mombuca e Elias Fausto, no interior de São Paulo. É responsável por selecionar, capacitar e acompanhar famílias interessadas em acolher temporariamente crianças e adolescentes afastados da família por medida protetiva. O principal objetivo é garantir o direito à convivência familiar e comunitária em um ambiente saudável, enquanto se define o retorno à família de origem ou uma adoção legal.

Além de capacitar os acolhedores, a equipe técnica acompanha todo o processo com psicólogos, assistentes sociais e supervisores, garantindo que tanto a criança quanto a família estejam emocionalmente amparadas durante e após o acolhimento. A entrega da criança, momento delicado e inevitável, é preparada com cuidado, para preservar vínculos e celebrar a missão cumprida.

Túlio Darros

Jornalista (MTB: 63932/SP), diretor proprietário do Jornal O Semanário Regional, e publicitário, sócio proprietário da Syna Publicidade

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