ColunistasRubinho de Souza

No tempo das charretes!

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Antigamente a gente recebia na porta de casa o pão e o leite, e nessa época, a entrega era feita por charretes, ou pequenas carroças baú, no caso dos pães, e nós moradores de Rafard, erámos uma pequena família, onde todos se conheciam, e os charreteiros, vendiam fiado, na caderneta que era paga todo final de mês, aliás não era só o pão e leite que eram entregues de porta em porta, lembro com saudades do tempo que morava em Itapeva e o Chibarro ia vender sorvetes.

Naquele tempo, ainda não tinha energia elétrica na fazenda, e normalmente ele era esperado aos domingos pela criançada que ia acompanhando sua charrete.

Tinha o Bastião Sardinheiro que ia com seu caminhão vender verduras, frutas e legumes, e como ele também vendia sardinha, o apelido ficou, e era uma festa também quando ele passava.

Lembro-me bem também do Airton Cordeiro e depois o Fernando Tavares que vendiam pão pro Seu Dito Tavares, aliás escrevendo isso lembro do sabor do pão doce, recheado com muito coco, pois, como a venda onde eu morava era a primeira e última parada, tanto o Airton quanto o Fernando paravam na chegada e na saída para tomar um café que minha nona sempre tinha em um bule na chapa do fogão de lenha.

Depois que mudamos pra cidade, compramos muito pão do Vicentinho, que trazia da padaria do Lucianinho Pelegrini de Capivari, aliás como a gente era bem servido nesse ponto, o pão era deixado numa sacola de pano que era deixada na janela das casas e ninguém levava. E o leite a gente comprava do Tio Zé Moreira, ou Zé leiteiro.

Tinha também o Amadeu Furigoto (na foto) que morava no centro, e o Berganton que morava no Padovani, que também vendiam verduras, legumes e frutas. Mas o mais marcante de tudo isso, era que os cavalos sabiam os pontos de parada e o condutor nem precisava dar ordens.

Mas por falar em pães, meu pai trabalhou algum tempo na padaria do Seu Dito, fazendo entregas de madrugada e também no meio do dia, mas nessa época, a entrega era feita com um jipe Willis e para mim era uma aventura acompanhá-lo nas entregas depois de voltar da escola.

Uma coisa que lembro como se fosse hoje, foi o dia que depois de uma chuva forte que caiu à noite, era tanto barro, que meu pai teve que acionar a tração 4×4 do jipe para passar em uma estradinha na fazenda Coqueiro. São coisas que marcam a infância da gente!

Outra coisa que deixou saudades era ir à noite comprar pães na padaria e como já “era da casa”, podia entrar na padaria e ficar vendo o Airton fazer os pães. Para quem era apenas uma criança, era mágico ver como ele e seu companheiro colocavam os pães naquelas espátulas longas e soltavam no forno, e depois com a mesma maestria os retiravam depois de assados.

Tinha também a padaria do Nico Andrelo, e de cada uma dessas três padarias, tenho ainda guardado na memória, o sabor de cada pão, como uma assinatura do padeiro. Aliás antigamente a preparação da massa era muito mais demorada, e os mestres padeiros tinham que trabalhar muito!

Começamos falando das charretes e terminamos nos pães, mas o mais emblemático dessa época saudosa, foram as lembranças da padaria e da época que meu pai foi “charreteiro de jipe” e eu o acompanhava! Tempos inesquecíveis de criança…

(Relato feito em 08-03-2018, por Junior Quibao no Grupo Rafard – Do Fundo Do Baú)

COLUNA de autoria de Rubinho de Souza
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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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