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‘Nunca fui tão humilhado como em Capivari’, diz escritor que faria palestra no Coreto

23/10/2015

‘Nunca fui tão humilhado como em Capivari’, diz escritor que faria palestra no Coreto

O paulistano Edvan Antunes falaria sobre a cultura caipira durante a Noite da Viola, mas evento não aconteceu por falta de estrutura e organização, afirma
Escritor paulistano alegou falta de estrutura e organização em evento da Secretaria de Cultura e Turismo de Capivari (Foto: Divulgação/Edvan Antunes)
Escritor paulistano alegou falta de estrutura e organização em evento da Secretaria de Cultura e Turismo de Capivari (Foto: Divulgação/Edvan Antunes)

CAPIVARI – A Noite da Viola, evento que aconteceria no domingo, 11, no Coreto da Praça Central de Capivari, foi cancelado minutos antes do horário marcado para começar, às 20h30. O escritor paulistano Edvan Antunes, que faria uma palestra sobre a importância da cultura caipira intercalada com apresentações de duplas sertanejas da cidade, contou que pisou em Capivari pela primeira vez no domingo, com duas horas de antecedência, mas que ninguém foi recebê-lo. E isso depois de ter viajado por conta própria. De acordo com ele, a Prefeitura disse que não tinha condições de arcar com seus custos de transporte e alimentação, mas insistiu que ele viesse mesmo assim.

Na ocasião, o autor do livro De caipira a universitário faria um bate-papo sobre como começou a cultura caipira, por que ela está desaparecendo, como preservá-la e os motivos de sua importância. Entre uma fala e outra, músicos do município deveriam ilustrar as informações compartilhadas pelo escritor com canções do sertanejo raiz. No entanto, segundo ele, nem os violeiros haviam sido avisados sobre o que deveriam tocar.

“O cara do som chegou depois das 20h, eu pensei que nem viria mais, e falou que eu tinha meia hora para fazer o evento, porque depois das 21h é proibido tocar música na praça. Ele disse que o padre não gosta”, conta. “Então eu falei que era uma hora de evento. Um dos violeiros também falou que em meia hora ele ainda estaria afinando a viola. Por conta disso, eles quiseram ir embora. Não queriam mais tocar.”

Antunes também alegou falta de estrutura e de organização. “O evento não tinha a mínima condição de acontecer. Não tinha uma cadeira para eu sentar, um copo com água, nem uma pessoa da Secretaria de Cultura e Turismo para anunciar os convidados. Só tinha uma mesa suja e sem toalha para eu expor meus livros”, garante. “Em todas as cidades que eu fui tinha pelo menos um mestre de cerimônia.”

O escritor já visitou 42 cidades do interior de São Paulo contando causos, histórias e piadas. Até então, as últimas haviam sido Guararema e Porto Feliz. Dentre todos os lugares pelos quais passou, Antunes afirmou que nunca foi tão humilhado como em Capivari. “Que descaso com o evento. Que negócio mais mal arranjado. Capivari é um hospício que não pode ter música no Coreto depois das 21h?”, questiona.

“Não teve envolvimento”, continua. “Em Porto Feliz convidaram até um locutor de rádio para me apresentar. Tem de chamar o público, falar ‘vamos chegar’, tocar uma música antes. Você vai fazer um lançamento literário e não tem alguém para dar as boas-vindas?”, exemplifica. “Liguei várias vezes para o secretário de Cultura, Alexandre Della Piazza, mas ele não me atendeu. Saí de lá totalmente decepcionado.”

Após a palestra, Antunes ainda faria uma noite de autógrafos para os interessados em seu livro. Antes de vir a Capivari, ele disse que ligou para uma rádio da cidade pedindo apoio na divulgação. “Sabe o que o locutor me perguntou? Se eu ia distribuir meus livros de graça. Isso é coisa de locutor perguntar? Literatura também é arte. É a sexta arte. Por que eu tenho de dar meus livros? Caramba, que cidade.”

Apesar disso, o descaso não surpreendeu alguns moradores que estavam pela Praça Central aguardando o início do evento. “Uma senhora veio me pedir desculpas. Ela falou que nesta Secretaria é assim mesmo e que ninguém dá valor à cultura em Capivari”, descreve. “Eu já liguei lá [na Secretaria de Cultura e Turismo] e pedi o ressarcimento dos R$ 90 que gastei com combustível e alimentação.”

“O cara do som queria ir para casa. Sabe aquele servidor público que não está nem aí para o trabalho? Quer ligar o microfone e ir embora? Isso é uma vergonha para Capivari”, expõe sobre o único funcionário que apareceu no Coreto. “Estou boquiaberto com a falta de apoio que tive. Aproveito para pedir desculpas a quem estava lá para assistir ao evento”, frisa o escritor. “O que está acontecendo com a cultura de Capivari?”

Outro lado

Procurada, a Prefeitura não comentou as declarações do escritor e se limitou a informar que Edvan Antunes “teve um imprevisto e precisou voltar a São Paulo”. “Isso ocorreu alguns minutos antes de o evento começar, por isso não tivemos tempo de informar o cancelamento. Pedimos desculpas ao público que esteve presente no dia e informamos que faremos o possível para que o evento seja remarcado.”

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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