Rubinho de Souza

O caso do baixo tuba

logo do fundo do baú raffardDeve ser, pelo fato de ficar trancafiado em casa, em isolamento, por conta da pandemia, que começo a puxar pela memória de como tudo mudou dos anos, em que eu era um menino para os nossos dias, e me vem de quando em quando, lampejos de acontecimentos que ficaram tão distantes, que acreditava perdidos, mas não estão…às vezes afloram algum, como este que vos conto agora:

Estava deitado, me lembrando um dia desses, de quando eu tinha meus 12 anos, e nós saíamos de nossas casas à noitinha para irmos na Congregação Cristã que ficava na Rua Abolição, ali onde hoje é o prolongamento da Rua Capitão José Duarte Nunes (foto).

Por falar nessa rua, até o momento não descobri quem foi esse Capitão, apesar de ter prometido ao amigo César Ortolani, que trabalha no Fórum de Capivari, e lá me interpelou querendo saber quando eu iria publicar sobre o dito personagem acima que deu nome à rua onde ele mora, ainda que tenha pesquisado, procurado em publicações, e conversado com uma autoridade no assunto, que é o meu amigo Tenente Denizart Fonseca, mas ainda não descobrimos quem seja o referido Capitão.

Bem, mas, voltemos caro leitor, às minhas divagações, onde lembrava do tempo em que a minha e outras famílias de “crentes” tais como, família de Marinho Bergantão, João Guarda, Sebastião Alagoano, Benedito Rafael, Beatriz, Família Munaro, Mário Pedroso, família do Ansão, família do Dito Faquinha, e o Nhô Gusto, pai da Judite, entre outras pessoas, que no momento não me vem à memória, íamos à noite, todos juntos à pé, com chuva ou frio, sempre no mesmo horário nos cultos da Congregação.

Era uma grande multidão de homens de terno e gravata, e as mulheres de vestidos longos, tal qual os “Amish” nos dias de hoje, com seus filhos no colo, outros de mãos dadas, que chegava a chamar a atenção, a ponto de muitos saírem às portas para nos ver – éramos chamados de “língua de fogo”, o que não nos ofendia a nenhum de nós, de modo algum, nem mesmo na escola. Nem sabíamos o que era esse tal de “bulling”.

Voltando…minha irmã Lídia, que trabalhava para a “Belinha Capellari”, certo dia, disse à Maria, que naquele dia, ia passar na frente da casa dela, no horário de ir ao culto, e iria pedir ao meu pai para levar seu instrumento de música – um baixo tuba – e que na hora que estivesse bem na frente da casa dela, iria dar uns assopros no instrumento para ela ver como era o som…Maria, por sua vez, rindo muito, dizia: – Ah! Lídia, você não vai fazer isso! Vou ficar na janela, só para ver se você vai ter coragem!

Bem, ninguém da minha família sabia do combinado, a não ser as duas, e Belinha que tinha sido avisada pela filha, e quando minha irmã pediu ao meu pai para levar o baixo tuba, ele ponderou que era muito pesado – como de fato era – e que se ela derrubasse poderia danificar seu instrumento, mas a Lídia insistiu e meu pai deixou que ela o levasse, pedindo que tivesse muito cuidado, zeloso que era do instrumento.

Assim que chegou bem em frente à casa de Geraldo Capellari, minha irmã, gritou do meio da rua pelo nome de Maria, visto que a multidão de crentes caminhava no meio da rua sem preocupação, pois não havia movimento algum de veículos nesse tempo, Maria, ao ouvir o seu nome, chamou a mãe, o pai, e até Geraldinho para ver a Lídia assoprando o baixo tuba e fazendo graça, como se estivesse marchando num desfile militar…

Todos, inclusive o Geraldo, que era músico, e de poucas risadas, da janela de sua casa, caindo na gargalhada e nós sem entender muito bem o que estava acontecendo. Só ficou esclarecido o ocorrido, depois que minha irmã nos contou tudo…
Caro leitor, conseguiu visualizar a cena engraçada que descrevo acima, visto que tudo isso se passou numa época em que as brincadeiras eram assim, inocentes, desprovidas da malícia que permeia a maioria do comportamento e das relações humanas, hoje? Eram assim, aqueles dias…

Finalizando, esse caso ficou em nossa memória, devido às risadas que todos davam, quando o fato era contado e recontado, e acrescentado até mais detalhes, por todos aqueles que o presenciaram, que até hoje a Maria, ao encontrar com minha irmã recorda esse e de outros, que contarei ao longo das publicações, que faço aqui, enquanto Deus permitir que fique aqui, e enquanto eu possa contar com sua paciência. Abraço.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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