Leondenis Vendramim

O melhor livro de ética – 13

15/09/2017

O melhor livro de ética – 13

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Felicidade é estado de feliz, contentamento, ventura, bom êxito, sucesso, boa fortuna, sorte, diz o dicionário de Aurélio. Porém, felicidade é isso mesmo? As palavras são como organismos vivos, mudam de significado com o tempo. Jesus Cristo era um Ser seguro de Si, dono do Universo, Todo-poderoso e feliz, porém assaz sofredor.

Os politeístas gregos tinham deuses para tudo. As musas eram deusas, filhas do deus Zeus, eram deusas da música, poesia, dança, eloquência, romance, alegria, comédia, caminhavam sobre nuvens cantando, dançando, eram meigas e exalavam o perfume do amor ao belo e à arte. Perséfone, uma delas, deusa das flores, frutos e dos perfumes, gerou de Hades, uma filha chamada Makaris (em grego, “makarios” significa feliz, e “makaridzo” felicidade). Ela, como a mãe, protegia os vivos contra a morte, e quando inevitável, proporcionava uma morte serena, protegia-os no tribunal dos mortos. Para os filósofos, como Aristóteles (séc. 4 a.C), felicidade era agir em conformidade com a virtude, para o bem comum, produzir algo de bom. O termo felicidade passou a descrever a realização dos desejos, daí ter um conceito de efêmera. Segundo o psicanalisa Jean M. E. Lacan (1901-1981) os homens são movidos a desejos, nunca se satisfaz porque, satisfeito um surge outro desejo, não se aquieta com o alcançado na vida real. As novelas e os contos criam imaginações inatingíveis nas pessoas, levando-os a desejarem sempre mais.

Muitos confundem felicidade com riqueza, fazem do “dólar” o “Mamon” (um deus). Outros ainda têm a fama, ou o sexo descomprometido, ou ainda, a ilusório êxtase produzido pelo mortal uso das drogas por felicidade. Exemplos não nos faltam desses infelizes. Adolf Merckle, dono de um conglomerado com faturamento anual de 40 bilhões de dólares, 94º homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes, suicidou-se aos 74 anos. La Villehuchet administrava o fundo Access International Advisors, que havia perdido 1,5 bilhão de dólares na pirâmide financeira, também suicidou-se. Os famosos e ricos como Heath Ledger, o Coringa (29 anos) do filme com Batman morreu de overdose; Ingo Schwichtenberg (29 anos) baterista da Heavy metal Helloween por ingestão de álcool e drogas. Kurt Cobain (1967-1994) líder do Nirvana cometeu suicidio com um tiro na cabeça. Lucy Gordon (1980 – 2009), famosa participante do filme “O Homem Aranha”, também se matou. Leila Lopes (1959 – 2009) atriz da novela “O Rei do Gado”, ingeriu veneno de rato.

Na mitologia grega também houve uma deusa chamada Felicidade, generosa, produzia harmonia na vida das pessoas, trazia paz e alegria. A Felicidade era personificada, proporcionava bem estar a todos. Felicidade é não tanto o sentimento de possuir, mas de fazer outros felizes, é produzir alegria salutar. É o reflexo do bem estar que alguém sente com suas atitudes benfazejas. A felicidade, como o amor, não é exigente, mas abnegação, não é egoísta, é pródiga, não é ter, é ser. É como abraçar alguém a quem perfumamos. A Bíblia nos diz: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20:35).

“Ser feliz de forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável”. É porfiar pelos objetivos reais, que nos sustente saudáveis, alegres, como fontes de felicidade para o próximo. Felicidade transmite paz, não paixão, que inquieta o coração, confiança, não inquietude e perturbação.

A deusa é mitológica, mas Deus é real. Ele é a verdadeira fonte da verdadeira Felicidade. Sua felicidade é fazer-nos felizes, para que, à Sua semelhança, façamos nosso cônjuge, filhos e todos aqueles que nos cercam felizes. “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14). Para Deus, bem aventurado é o homem que se desvia dos maus, tem prazer na lei de Deus (Sl 1:1-2), cujo Deus é o Senhor (Sl 33:12), que anda nos Seus caminhos, vive do seu trabalho (Sl 128:1-2), que busca a sabedoria (Pv 3:13), que obedece a Deus (Pv 8:32,34), aquele que se compadece do pobre (Pv 14:21), que confia no Senhor (Pv 16:20). Aqueles que meditam na criação de Deus e nas Suas bênçãos com as quais nos sustenta, confiam nEle, têm paz, alegria e se tornam fontes da verdadeira felicidade. Busquemo-la do nosso Deus que é pródigo!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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