O sítio da Nhá Tica e a lenda da cobra que canta
Uma senhora, Nhá Tica,
Por muitos anos foi moradora e proprietária de um sítio bem afastado de vizinhos, pois uma imensa reserva de mata separava o sítio da Nhá Tica.
Mas era um sítio alegre, movimentado pelos familiares e amigos. Muito gostoso, o sítio da Nhá Tica.
Nesse sítio, que mais parecia uma fazenda, havia gado, cavalos, criação de galinhas e suínos, além de um rio rico em peixes.
Seu esposo saía para o trabalho, os filhos também. Cada um tinha seu compromisso.
Nhá Tica sempre ficava sozinha durante o dia.
Ela cuidava dos afazeres da casa e das criações, como as galinhas, os pintinhos e a coleta dos ovos.
É normal, no sítio ou na fazenda, as galinhas irem botar no mato, e algumas até aparecerem com os pintinhos já chocados.
Nhá Tica, corajosa que era, saía à procura dessas criações na mata.
Certo dia, ela disse ter escutado galinhas gritando no pasto dos cavalos, e foi ver o que estava acontecendo. Seguiu os gritos e, ao chegar perto, ficou bem assustada.
Quando voltou para casa, Nhá Tica contou que, além das galinhas apavoradas, ouviu o canto de um galo meio rouco, mas, ao procurar, não viu nada. Apenas as criações agitadas.
Foi então que, ao olhar para a rama de assa-peixe, viu uma enorme cobra esticada, com a cauda enrolada num galho de cambará.
Nhá Tica pensou:
“Melhor não mexer”.
Foi nesse instante que ela avistou um ninho de galinha debaixo da rama de assa-peixe.
“Nisso, a serpente foi se encolhendo”, disse Nhá Tica.
E foi aí que ela se assuntou mais ainda.
Ela jurava que viu – e ouviu – a cobra cantar igual um galo rouco.
E contou para a família toda o que viu e ouviu.
Muitos dizem que é lenda.
Mas Nhá Tica sempre repetia essa história para os filhos, netos e bisnetos, jurando que viu e ouviu a serpente cantar igual a um galo.
As crianças ficavam apavoradas, e nenhuma entrava no pasto, nem para buscar uma bola perdida.
Eu continuo pensando que é lenda.
Mas respeito a cerca do pasto, deixando os animais do lado de lá.
E, se alguma galinha tiver pintinhos no mato, que venham sozinhos para o terreiro.
Se você mora no sítio ou na fazenda, um conselho: não conte essa história para as crianças.
Esta é a lenda da cobra que canta.