Rubinho de Souza

O trem e o tempo

Com a partida precoce das várias pessoas amigas, Clóvis Lourenço de Souza, Cláudio Betim, Élcio (Chumbão), Miguel (veículos), Bernardo Abel, Marcos Marroco, Jonas Castro, Luiz Bete, entre outros, que mesmo não sendo do nosso convívio, infelizmente se foram, me pus a imaginar quantos planos foram deixados para trás. Talvez pensassem em fazer uma viagem, assim como nós planejamos, desejavam conhecer lugares e pessoas diferentes como nós desejamos, enfim tinham sonhos a realizar como todos nós temos os nossos.

De repente uma partida inesperada, e os planos ficaram por se realizar, os projetos iniciados ficaram sem acabar, restaram somente suas memórias para serem reverenciadas, seus atos de bondade para serem lembrados, e uma grande saudade que invade os corações, principalmente dos familiares e amigos mais próximos.

O sentimento de fragilidade é tão patente, que nos faz refletir sobre nossa vida pelo fato de que não sabemos quanto tempo ainda vamos viajar nesta nave chamada Terra que inexoravelmente desliza pelo universo numa velocidade que faz as horas, os dias, meses e anos voarem.

E tenho a nítida impressão, que os mais jovens tendo essa mesma sensação quanto ao tempo, parecem querer viver o presente, o agora, pois o futuro para todos, é por demais incerto, fazendo com vivam intensamente, procurando saborear como podem os bons momentos, como uma criança que saboreia um picolé e não quer que ele acabe.

Existe uma poesia do memorável escritor Catulo da Paixão Cearense, dos livros escolares, que retrata com perfeição esse nosso sentimento com relação ao tempo de nossa vida.

Vale a pena a transcrição para que possamos refletir sobre a vida:

Num trem, em grande disparada, pai e filho corriam.

E ambos o que viam? As montanhas, os montes, os horizontes,

O matagal cerrado, os penedos, os rochedos, os arvoredos…

Tudo a correr com a rapidez do vento tresloucado…

E o trem, que era em verdade o que corria, parecia, estar parado.

A criança, o petiz, cheio de espanto, lhe perguntou: “Papai!

Por que é que tudo ao longe está correndo tanto, e o trem daqui não sai?!”

Os passageiros riam, pois sabiam que o petiz se enganava.

O trem, que parecia estar imóvel, era de fato o que corria e voava

Dos passageiros todos, um, somente, nem de leve sorriu

E então os passageiros riram dele, porque ele não riu.

E o poeta (era um poeta…) disse então:

“É natural, senhores, a ilusão do petiz iludido.

Muitas vezes a nós a mesma coisa já tem acontecido.

E vós, ó meus senhores – os cientistas, os sábios, os doutores-

Caís no mesmo engano lisonjeiro…

Pois, afinal, todos nós nos enganamos, quando, todos os dias, exclamamos:

– Como é que o tempo passa tão ligeiro! E nós é que passamos”.

Por isso caro leitor amigo, vivamos cada dia de nossa vida como se fosse o último, porque um dia, será mesmo!logo do fundo do baú raffard

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