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Obras de restauração são iniciadas na Capela de Itapeva

07/02/2014

Obras de restauração são iniciadas na Capela de Itapeva

Famílias têm pouco mais de 60 dias para deixarem as casas; obras na capela serão concluídas no mesmo período
Telhado da capela estava desabando (Foto: Divulgação/Rádio R FM)

RAFARD – Como a maioria deve saber, mais de 200 famílias das áreas rurais de Rafard, Capivari e Elias Fausto receberam, no mês passado, notificações da Raízen, usina originária de uma join venture (associação de empresas) entre Cosan e Shell, para que deixassem seus lares em 90 dias. Isso inclui os moradores da Fazenda Itapeva, de Rafard. Com a demolição das casas, a usina retomará as terras, com a justificativa de que estas estão em “péssimas condições de conservação da edificação”.

Em meio a toda essa polêmica, para cumprir o acordo com o Ministério Público, a Raízen iniciou na segunda-feira, 3, a restauração da Capela de São João Batista de Itapeva, que fica na área central da fazenda. A iniciativa é almejada há muito tempo, sobretudo pelos rafardenses. Os trabalhadores que estão à frente da recuperação são da empresa CR Engenharia. Se o tempo ajudar, a obra será concluída entre 50 e 60 dias.

A Capela de Itapeva marca a fundação das cidades de Rafard e Capivari. Foi a primeira capela construída na região, por volta de 1795, pelo padre João Ferreira de Oliveira Bueno, junto à casa grande, ao lado do açude, da casa do engenho, das senzalas, dos estábulos pavimentados e do embarcadouro da Fazenda São João Batista de Capivari (atual Fazenda Itapeva).

Parte do conjunto de patrimônios históricos e culturais das duas cidades, o interior da capelinha estava arruinado, o telhado desabando e as Imagens perdidas em meio a aranhas, formigas e abelhas. Vitória do povo, que sempre almejou a restauração da Capela de Itapeva para preservação da história e, porque não dizer, para atrair turistas como geração de renda? Ou palmas para a Raízen? Será que alguém irá à missa no meio do canavial?

“Não adianta fazer igreja lá. Vai rezar a missa para quem?”, questiona o vereador de Rafard, Luiz Antonio Ferreira Brito (SDD), durante a primeira sessão ordinária do ano, 4. Indignado com a situação, Brito pede que o prefeito César Moreira não “deixe o problema na gaveta”. Para ele, de nada adianta, agora, a restauração, se a vizinhança da capela está com os dias contados.

O vereador lembra, ainda, que lá existem famílias com crianças, idosos e pessoas doentes. “A fazenda é deles [da usina], eles fazem o que quiserem. Se querem derrubar, o azar é deles. Então, nada mais justo do que cederem um terreno e trazerem esse povo para cá, porque morar na fazenda é muito complicado”, afirma e revela outro problema enfrentado pelos moradores. A água suja.

“Beber aquela água nojenta que eles estão sujeitos é desumano. E todo mundo aqui está sabendo disso. A prefeitura sabe, mas não toma nenhuma providência. Quero que o senhor prefeito vá até lá, tome aquela água durante um dia inteiro e depois tome uma providência”, conclui.

Angustiado com o despejo, o vereador de Capivari, Flávio Carvalho (PSDB), alerta que somente com a soma de todos os poderes constituídos das três cidades – Executivo, Legislativo e Judiciário – a população vai conseguir evitar esse transtorno.

“A Raízen não tem qualquer tipo de compromisso com a sociedade. Para eles, nós somos apenas um número. Imaginem 200 famílias na rua da noite para o dia. Esse pessoal vai para onde? A gente precisa fazer alguma coisa. Panelaço, interditar rodovia”, sugere Carvalho e garante que se preciso for, as cidades devem ir até o governador, a fim de que possam ser atendidas e haja “o mínimo de bom senso da Raízen com tudo o que está acontecendo”.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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