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Pandemia suspende os espetáculos e família do Circo vive hoje em Rafard

Neste sábado, 27 de março, é o dia do Circo, e se não fosse a pandemia, uma boa dica de lazer para o final de semana, seria assistir a um espetáculo circense.

Com a suspensão de todas as atividades artísticas e culturais com a presença física do público, as poucas companhias de circo itinerantes, que ainda sobrevivem, também sofrem com os efeitos da Covid-19.

Uma destas histórias está bem perto. A família do Vitória’s Circus, uma companhia de circo que existe há 20 anos, foi acolhida por um casal de empresários de Rafard, que estendeu a mão para não deixar faltar abrigo e comida para os artistas.

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“Ainda existem pessoas boas no mundo. Se existem anjos, dois deles estão em Rafard, e acolheu a nossa família de circo”, relata emocionada a trapezista, Cleonice Rex, que trabalha na padaria de um supermercado da cidade (Fotos: Arquivo pessoal)

No começo de 2020, o Vitória’s Circus se preparava para uma série de apresentações na cidade vizinha de Santa Bárbara.

“Tudo já estava montado, a lona no alto e o picadeiro pronto, mas ninguém apareceu para assistir aos espetáculos, era anunciada a chegada do coronavírus”, conta Cleonice Rex, trapezista.

A comitiva, de sete famílias que viviam do circo, fez suas últimas apresentações em janeiro de 2020, em Rio das Pedras. De lá para cá, não houve mais dias de circo. O Vitória’s Circus já esteve em Capivari e por três vezes em Rafard. A companhia já produziu espetáculos com a presença de artistas da TV como Dedé Santana, Marquito, Bananinha, o boneco Xaropinho do SBT e a modelo Milene Pavorô, entre outros.

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“Ainda existem pessoas boas no mundo. Se existem anjos, dois deles estão em Rafard, e acolheu a nossa família de circo”, relata emocionada a trapezista, Cleonice Rex, que trabalha na padaria de um supermercado da cidade (Fotos: Arquivo pessoal)

Sobrevivência

As sete famílias unidas pelo Vitória’s Circus resistiram por um tempo vivendo de doações de cestas básicas em Santa Bárbara. Até que o pouco de dinheiro que ainda restava, acabou e eles se separaram.

Cada um foi para um lado, e a família de Cleonice Rex, a trapezista com 25 anos de estrada no circo, segue alojada, num terreno atrás de uma das empresas do Distrito Industrial de Rafard. São seis pessoas na família, com 4 adultos e 2 crianças.

“Foi muito triste, sofremos muito. Cheguei a fazer pipoca e maçã do amor para vender na rua, mas o dinheiro não dava, e as contas chegavam”, relata Nice, ao contar sobre suas duas maiores preocupações: comprar comida e pagar o plano de saúde da filha, que faz tratamento médico com remédios controlados.

Passadas algumas semanas da pandemia, um telefonema trouxe um pouco de alívio para a família circense. Um casal de empresários, que se tornaram amigos do Vitória’s Circus durante as apresentações em Rafard, ofereceu abrigo, água, luz, remédio e comida.

Alojados no terreno de propriedade da empresa, a família do circo já está há quase um ano em Rafard. O mesmo casal ofereceu duas vagas de trabalho, uma foi para o palhaço, o artista Sandro Streletki, e a outra para o trapezista e piloto do Globo da Morte, Alexandro Santurio. Cleonice conseguiu emprego na padaria de um supermercado também de Rafard.

Para ajudar no sustento dos artistas, o Serviço Social do município também colabora com doações.
Cleonice afirma que agora já conseguem se sustentar trabalhando, mas não nega que sente saudade dos espetáculos, das crianças e da bailaria que encantava a plateia. Ela acredita que o Vitória’s Circus ainda vai voltar para a estrada circense, e o sentimento de gratidão pelo casal rafardense, irá com eles, para sempre.

“Ainda existem pessoas boas no mundo. Se existem anjos, dois deles estão em Rafard, e acolheu a nossa família de circo”, encerra emocionada.

Dia do Circo

A data foi escolhida para homenagear o palhaço brasileiro Abelardo Pinto, conhecido como Piolin, que nasceu no dia 27 de março de 1897. Piolin era considerado um grande palhaço, com enorme criatividade cômica e habilidades como ginasta e equilibrista.

O palhaço brasileiro tornou-se mundialmente famoso, chegando a ser homenageado durante a Semana da Arte Moderna de 1922, pela renomada artista, nascida em Capivari, Tarsila do Amaral.

Ivanete Cardoso

Jornalista - MTB 57.303

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