J.R. Guedes de Oliveira

Perda de identidade

A cada momento que passa, perdemos um pouco da nossa identidade, quando não colaboramos para a preservação dos nossos monumentos, das nossas raízes históricas, das nossas manifestações nas danças, festas e folguedos.

Cala-me, sobremaneira, a demolição, entre as décadas de 50/60, de quatro monumentos importantíssimos para Capivari: o Coleginho, a Prefeitura Municipal e o Mercado Municipal (todos, na Praça Rodrigues de Abreu) e o Grupo Escolar Augusto Castanho, situado na rua XV de Novembro com a rua Barão do Rio Branco. Assim também aconteceu com o Posto de Puericultura, na rua Regente Feijó, descaracterizado de sua construção inicial e, aos poucos, perdendo a sua identidade e, num toque rápido, demolido.

Num momento de tornar a cidade mais futurista, dentro de padrões modernos, com arquiteturas arrojadas, estes monumentos históricos tiveram a sua vida ceifada, num piscar de olhos, mesmo ante ao clamor de muitos que desejavam a sua preservação, avançando com outras edificações de tempos de progresso. Não foi assim que se sucedeu. A demolição veio e perdemos os nossos patrimônios históricos em nome de uma modernidade para a cidade.

O prefeito de então, Miguel Simão Neto, figura até hoje determinante para este “crime lesa Pátria”, foi o responsável intelectual desse final de patrimônios ricos e importantes para a nossa história.

Já no estertor da vida, amargando uma cadeira de rodas e sentido tudo isso, como um peso de sua consciência, veio a me mandar uma carta (que guardo ainda hoje), na qual ele admite o erro, pede perdão pelo que fez e revela este arrependimento que, infelizmente, chegou tarde, após uma sua visita, no Oriente Médio, chegando também até o Cairo. Diz, ele, que se estivesse visitado antes de tudo, os valores históricos dos antigos países, jamais mandaria demolir qualquer monumento, casa ou edificações que lembrassem Capivari de então.

Vimos, a pouco tempo, mais uma edificação no chão: a Casa dos Annicchinos, na praça Dr. Cesário Motta, ao lado da Casa Paroquial. Que pena! É um pedaço de nós que se evapora ao toque da modernidade.

Do outro lado da questão, assistimos, com imensa alegria e entusiasmo, a reforma da casa do Lucianinho Pellegrini, na esquina da rua Tiradentes com a rua XV de Novembro. É a paixão pela nossa Capivari, pelas filhas do saudoso amigo: Dras. Tânia e Maria. Exemplo edificante, assim, só nos enche de vibrações e necessário ser seguidas.

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